Algumas notícias boas que 2020 trouxe para músicos independentes

Uma retrospectiva otimista de um ano difícil para a música

Olha, 2020 foi horroroso. E afirmar isso não deve ser nada polêmico, passado esse ano que trouxe tantos desafios e notícias ruins quase que diariamente. A pandemia de Covid-19 deu um murro na cara do mercado, com trabalhadores de todos os setores sem trabalho (alguns temporariamente, outros desempregados).

E o mercado da música sentiu esse golpe. Já que 2020 foi um ano quase sem shows e turnês, várias casas de show fecharam as portas de vez. Artistas que contavam com a grana de shows para pagar as contas tiveram de dar um jeito de ganhar dinheiro.

Mas, por mais que 99,99% de 2020 tenha sido horrível, a gente gosta de ser otimista aqui na CD Baby. De olhar o copo meio cheio. E, por isso, a gente queria comemorar algumas das poucas notícias boas que o ano trouxe para artistas independentes, e também para músicos em geral. 

O mercado de música ao vivo deve passar por uma retomada eventualmente. Pode não ser em 2021, mas ela virá. É capaz que ele não volte a ser o mesmo, mas um dia ele volta. Como diria a canção “qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”. Mas, até esse dia chegar, vamos manter o ânimo olhando para algumas coisas boas que aconteceram em 2020.

1: A evolução das lives

As lives já existiam muito antes, quem usa o Twitch sabe. Mas foi na última década que essa transmissão ao vivo, inventada 25 anos atrás, ganhou popularidade.

A live foi evoluindo aos poucos, mas com constância. E daí chegou 2020, Com todo mundo preso em casa e aglomerações proibidas, as pessoas tiveram de encontrar novos jeitos de ouvir música ao vivo. Então se levantou a onda de lives, o que transformou esse tipo de transmissão em algo comum.

Sites de shows como Bandsintown mudaram toda a sua programação para lives durante a quarentena, vendo elas representarem 75% de todos os eventos criados. Foram mais de 45 mil lives só nesse site, durante o verão americano. A Amazon incorporou o Twitch à sua ferramenta Amazon Music for Artists. E o Spotify até criou uma ferramenta para os artistas divulgarem suas lives no perfil.

Uma live pode não ser a mesma coisa que um show ao vivo, mas tem um lado bom, que é assistir à apresentação no conforto do sofá de casa, sem precisar se esgueirar por corpos suados e acabar a noite com alguém derrubando cerveja na sua calça (ou isso ainda pode estar rolando na sua casa, não vou julgar). Eu mesmo bati muito cabelo ouvindo um show da minha banda de metal predileta ao vivo no YouTube.

2: Gorjetas virtuais viraram algo comum

Outra tradição milenar que morreu com a pandemia foi a de passar o chapéu para angariar uma grana para os artistas, e pagar a cervejinha do fim da noite.

Já que ficou impossível dar gorjeta ao vivo, os artistas tiveram de apelar para apps de transferência de dinheiro, tipo Venmo e PayPal. O mais da hora foi que até megaplataformas como o Spotify entraram nessa. Havia o rumor que essas plataformas colocariam em cada perfil de artista um botão para dar gorjeta, e eles de fato fizeram isso em abril, quando descobrimos que a quarentena duraria mais tempo do que o esperado.

E não parou por aí. No meio do ano, a HearNow passou a permitir que os artistas colocassem um link para doação na sua página. Então assim você pode compartilhar com o público todos os links para onde eles podem ouvir sua música em streaming e também aceitar doações de quem curte sua música. E não se esqueça de colocar no seu site uma opção para o pessoal doar!

3:  Os artistas criaram produtos bem criativos

Talvez a venda de produtos da sua banda não seja o ganha-pão de um artista, mas pode ser uma boa fonte de renda para artistas. E, já que os artistas estavam desesperados atrás de outras fontes de rendas, muitos dedicaram sua criatividade a criar produtos.

Quando você comprar produtos de uma banda ou artista, não vai estar só ajudando alguém a pagar as contas e o aluguel, mas também vai estar ajudando na divulgação. E você vai poder andar por aí (OK, talvez não possa andar, mas pode mostrar sua camiseta no Zoom). Todo o mundo sai ganhando!

É provável que eu tenha comprado mais produtos de banda em 2020 do que em qualquer outro ano, já que várias bandas lançaram camisetas de manga comprida que a minha esposa odeia!

4: As músicas novas são lançadas mais rapidamente

Ninguém aguenta fazer live por muito tempo antes de ir criar música nova. A combinação de estar preso em casa com disponibilidade de equipamentos de gravação permitiu que muitos artistas compuseram, gravassem e lançassem músicas novas em 2020, em vez de fazer shows. 

Caraca, a Taylor Swift lançou dois álbuns nos últimos seis meses! E eu conheço outras bandas e artistas que lançaram trabalhos criados e gravados na quarentena, ou estão prestes a lançar coisa nova. Isso quer dizer que 2021 vai estar coalhado de músicas novos, de todos os estilo e gêneros!

O que aprendemos? Não adia a hora de compor e de gravar. Ainda mais agora. As pessoas estão presas em casa, atrás de música nova para ouvir.O modelo de escrever, gravar, lançar e fazer turnê não vale para esse momento de pandemia, então lance quantas músicas puder. Tem um single ou dois aí dando sopa? Ótimo. Talvez junte num EP? Bom também. Você não precisa ter um álbum inteiro, ou dois como a  Taylor Swift, para conquistar a atenção dos fãs. O importante é criar um planejamento e uma estratégia de lançamento, e cumpri-los.

5: Dar valor ao que temos

Se tem uma coisa que eu aprendi em 2020, é como a música serve para trazer conforto e amainar agruras em tempos difíceis. Art Blakey, baterista lendário de jazz, dizia que “o jazz tira a poeira da vida cotidiana”. Mas ele poderia ter dito isso da música como um todo. A música eleva nossos melhores momentos e funciona como um apoio nos momentos mais difíceis –e foi um ano repleto de momentos difíceis.

2020 nos lembrou de que é preciso ser grato ou grata pelas coisas que nos fazem felizes quando o mundo parece estar desmoronando. Por mais difícil que tenha sido o ano, ele nos mostrou a importância da música.