Por: Ricardo Cecchi
Sobre o autor:
Ricardo Cecchi é diretor fundador do Grave Online, a maior gravadora online do Brasil, com um sistema revolucionário de produção musical remoto. Ricardo também é músico e engenheiro de Masterização, trabalhando no meio artístico desde 1989.
Como em tantos outros setores, o surgimento de novas tecnologias também foi fortemente sentido no mundo da música. Produções que antes eram feitas em estúdios com centenas de milhares de dólares em equipamentos hoje podem ser feitas num quarto da sua casa, com um computador e alguns equipamentos com custo muito abaixo. O resultado é que agora, grande parte das gravações são feitas em casa (Home Studio) ou em estúdios pequenos, outras vezes individualmente, por meio da troca de arquivos através de um processo colaborativo.
Por causa de todas essas facilidades, em muitos casos acaba-se suprimindo a figura do produtor musical. E aí, meu amigo, sou obrigado a dizer: péssima ideia!
Você pode assinar a produção dos seus próprios projetos. Algum membro de sua banda também pode fazer isso. O engenheiro contratado para fazer a gravação também pode.
Mas as perguntas que deve se fazer é: você está atribuindo o papel de produtor musical a alguém que conhece bem e sabe exercer adequadamente essa função?
Com ouvidos treinados em examinar como as escolhas individuais vão se encaixar no plano geral da música?
O objetivo de fazer gravações é ter um impacto emocional nos ouvintes. A música pode fazer você chorar ou rir, ou dançar, ou pensar, ou lembrar!
Essa conexão humana é o ponto principal de qualquer música já gravada.
Pense nos álbuns que você adora e muitas vezes volta para ouvir. Pense nas canções que seus amigos amam. Eles curtem essas músicas e querem ouvi-las de novo e de novo, não porque elas são livres de erros técnicos ou por causa daquele timbre maravilhoso da caixa da bateria, mas sim porque foi estabelecida uma identificação emocional.
É precisamente essa conexão emocional que torna uma música fantástica. E essa é a habilidade dos produtores musicais, fazer essa conexão acontecer. O que não tem nada a ver com questões técnicas.
Um dos maiores erros que vejo é a banda entrar na sala de controle para ouvir o material que acabou de ser gravado e imediatamente procurar por coisas para ‘consertar’.
Mas, antes disso, você bate o pé ou movimenta o corpo no ritmo da canção? Você está assimilando a mensagem da letra? Aquilo que está ouvindo, está emocionalmente despertando algo em você?
Uma excelente dica para a audição do seu som é: Ouça primeiro o que há de bom na gravação, antes de começar a procurar o que não é.
Se a performance gravada estiver fria e sem emoção, ‘consertar’ qualquer elemento é pura perda de tempo.
É aí que ter um especialista com experiência decidindo se a interpretação do ‘take’ é eficaz ou não, se torna insubstituível e crucial.
Outra área em que uma visão geral objetiva se mostra muito útil é em relação ao que chamamos de ‘holofote’. Os ‘holofotes’ são elementos que ‘prendem’ e focam a atenção do ouvinte em determinados momentos ao longo da música.
Por exemplo, nos versos, os holofotes muitas vezes estão no cantor, para que a atenção do ouvinte acompanhe a letra e a história que está sendo contada.
Também podemos nos perguntar: para onde mais podemos mover esse holofote?
No refrão, os ’backing vocais’ devem entrar chamando a atenção? Você quer que o ouvinte observe essa entrada? Ou deveria ser uma mudança sutil que não distraia, mas entretenha e evite que as coisas pareçam monótonas?
Algo precisa entrar no segundo verso da música para fazer com que pareça diferente do primeiro? Ou o desempenho do cantor principal é tão bacana que não precisa desse artifício?
Essas são algumas perguntas que as bandas costumam ignorar, já que cada integrante está pensando em suas contribuições individuais ao invés do plano geral. Ressaltando que essas questões precisam ser abordadas tanto na execução, durante as gravações, quanto na fase de mixagem.
Agora chegamos a um ponto delicado. Para explicar meu raciocínio, vou citar um princípio e uma fábula.
O princípio se chama, ‘Princípio de Rashomon’ (ou ‘efeito Rashomon’). “É uma expressão usada para descrever uma situação onde não se pode saber o que de fato aconteceu devido aos diferentes julgamentos das pessoas que presenciaram este evento, já que cada um dos envolvidos interpreta o ocorrido de forma pessoal”. Isso é exatamente o que acontece durante a mixagem, por exemplo. A opinião de cada integrante da banda é tendenciosa, visto que estão com os ouvidos direcionados, cada um, para suas performances particulares.
A fábula se chama “Os cegos e um elefante”. É a história de um grupo de cegos (ou homens no escuro) que tocam em um elefante para aprender como ele é. Cada um sente uma parte diferente, mas apenas uma parte, como a lateral ou a presa. Eles então comparam as anotações e descobrem que estão em total desacordo. É isso o que ocorre quando não se tem a visão do plano geral. Você pode acabar criando um monstro 🙂
E por falar em elefante, vamos falar sobre o elefante que está na sala?
Muitos músicos, que geralmente não tiveram a oportunidade de trabalhar com um bom produtor, acreditam erroneamente que essa colaboração é uma experiência ditatorial ou limitante. Na realidade, um produtor profissional é exatamente o oposto em muitos aspectos.
Trata-se de uma experiência libertadora. Você vai trabalhar com uma pessoa que foi contratada para realizar sua visão artística. O produtor vai dirigir o navio na direção do seu objetivo musical, sempre desviando dos icebergs, pois ele conhece bem os caminhos. Deixando o artista livre para tocar ou cantar, fazendo o que sabe fazer melhor.
Ao invés de passar por momentos angustiantes com o peso da responsabilidade de tomar todas as decisões importantes (que são várias ao longo do processo de produção musical) quando o produtor está ao seu lado (mesmo que virtual) lutando para alcançar seu objetivo, essa responsabilidade passa a ser compartilhada.
Pode ser aquele solo de guitarra que você acha que poderia fazer melhor. Pode ser uma escolha sobre aquele comentário de um determinado instrumento entre as linhas do verso. É um alívio ter alguém caminhando na produção junto com você. Alguém artisticamente confiável, auxiliando-o a tomar todas essas decisões difíceis. Isso é libertador, não restritivo.
Quem me conhece sabe que adoro analogias. Sempre que tento me explicar recorro a esse artifício. Então vamos lá! Apontando algumas inconsistências do planeta terra, você já viu um time sem técnico? Você já viu uma orquestra sem maestro? Então, por que produzir uma música (que também é uma tarefa bastante desafiadora), sem a supervisão de um profissional qualificado para essa finalidade?
Assim como o técnico e o maestro, um bom produtor pode te incentivar quando é preciso, dar conselhos específicos para melhorar sua performance, sugerir quando não tocar, ou seja, fazer uma pausa, saber quando procurar uma abordagem diferente para um ponto problemático, e assim por diante.
Os Beatles poderiam ter feito sucesso sem George Martin? Provavelmente sim. Mas George foi de uma soma enorme para a forma estética final dos discos que produziu, permitindo que os garotos de Liverpool impulsionassem sua criatividade sem limites. E, claro: eles tinham uma relação de confiança, permitindo que George incorporasse suas ideias e seus incríveis arranjos orquestrais.
Mesmo que seja difícil encontrar um ‘quinto Beatle’, ainda há muito a ganhar com o modelo.
Encontre a pessoa que possa assinar a sua produção e fique livre para ser um artista.
Finalmente:
E como tudo isso é feito através pelo sistema online, um processo revolucionário que está transformando o jeito de produzir música de qualidade?
Como todos sabemos, cada vez mais é possível usar a tecnologia para fazer as coisas de uma forma diferente. Gravações online são parte dessa tendência. E esse método faz do produtor uma peça ainda mais fundamental para que uma música se torne uma produção de qualidade e conectada emocionalmente ao ouvinte.
É importante entender o seguinte: na gravação online, os profissionais envolvidos não vão estar reunidos em um estúdio e discutindo detalhes e opções para a produção. Tudo será feito à distância e, na enorme maioria dos casos, em momentos diferentes.
Neste contexto, o produtor musical se torna o elemento fundamental que irá dar uma “cara” coerente à produção, orientando cada um dos instrumentistas e técnicos a seguirem a mesma direção, impedindo que a gravação se torne uma colcha de retalhos.
É exatamente em função desta particularidade que o Grave Online desenvolveu um processo chamado baseado em Núcleos de Produção.
Os núcleos de produção são equipes de instrumentistas coordenadas por um produtor que estão familiarizados com sua forma e estilo de trabalho.
Assim, cada produção que chega ao Grave Online é direcionada para um núcleo de produção adequado ao estilo da composição.
O resultado? Bem o resultado pode ser visto no site do Grave Online. (www.graveonline.com.br). Nos tornarmos a maior produtora online do Brasil, produzindo com qualidade profissional e principalmente coerência e coesão artística, mais de 100 produções por mês.
Sobre o autor:
Ricardo Cecchi é diretor fundador do Grave Online, a maior gravadora online do Brasil, com um sistema revolucionário de produção musical remoto. Ricardo também é músico e engenheiro de Masterização, trabalhando no meio artístico desde 1989.