Recomece depois de ter se aposentado da música

Por Chris Robley

Como pôr um fim numa “pausa indefinida”

Alicia J. Rose não é um nome estranho para o mercado de música do Norte da Califórnia e da Columbia Inglesa. Da sua base em Portland, Oregon, ela trabalhou com muitas das melhores bandas da região. E mesmo assim a maior parte dos seus amigos fica chocado de descobrir que ela é uma música. Isso porque, durante a última década, a Rose trabalhou por trás das bandas — como promoter de shows, fotógrafa de bandas e diretora de videoclipes.

Mas num domingo recente, quando ela foi o nome principal da última noite do The Accordion Noir Festival em Vancouver, pode-se dizer que Alicia Rose saiu completamente da sua aposentadoria musical. Ela vinha praticando uma apresentação com canções tocadas no acordeão que a ajudaram a começar sua carreira nos anos 1990 — e ela também está relançando seu catálogo no reino digital por meio do CD Baby.

Como é pôr fim a uma pausa indefinida? Como promover músicas que estão sendo lançadas pela segunda vez? Eu perguntei à Alicia sobre como foi voltar a fazer shows, gravar e criar depois de tanto tempo.

Uma entrevista com Miss Murgatroid

Para alguém como eu, que sempre te conheci como fotógrafa, diretora e caçadora de talentos, quem é Miss Murgatroid?

Miss Murgatroid é o meu alter-ego que toca sanfona.

E por que ela ficou tanto tempo distante?

Eu me dei férias do acordeão depois que as coisas ficaram esquisitas em 2004. Eu tinha feito um novo álbum com Petra Haden que acabou emperrado (ele saiu depois, em 2008), e passei por uma série de eventos profissionais e pessoais que me tiraram do papel de musicista por uns tempos. Em vez disso, foquei em ser promoter e fotógrafa e diretora..

Qual é a história por trás do seu retorno musical? Por que agora?

Os programadores do festival Accordion Noir  me convidaram a tocar nos últimos três ou quatro anos,mas não era o momento certo. Neste ano, algo mudou e a Miss Murgatroid emergiu. eu acho que ser uma promoter (eu fui uma das fundadoras do Portland’s Doug Fir Lounge e depois do Mississippi Studio) acabou com meu tesão de tocar ao vivo no palco. Mas depois de fazer uma desintoxicação por todos esses anos, eu me pus a meta pessoal de aprender a tocar percursão e cantar ao mesmo tempo. Demorou um tempo, mas eventualmente minhas conexões neurais cederam e se adaptaram, e essa nova jornada pelo ritmo me levou de volta ao acordeão. E, estranhamente, é capaz que eu toque melhor agora do que antes. Ai, que ironia! Os tambores e bateria eram instrumentos que me atormentavam mesmo para ter como acompanhamento na música em outros anos, mas agora eu não canso deles. Eu enfrentei meus medos e quebrei tudo, inclusive os tambores e a cara deles. YES!

Como seu set no festival será?

Mergulhar no meu catálogo para montar uma setlist para o Accordion Noir foi uma viagem, mas eu consegui refinar umas 9 ou 10 músicas do meu álbum solo. O Fest pediu que eu especificamente escolhesse do meu catálogo solo (e não do que desenvolvi com a Petra Haden) então eu fiz isso e foi divertido. Estou animada para fazer um monte de barulhos novos e suculentos de acordeão naquela caixa preta que chamam o teatro Orpheum Annex.

Algum plano para gravar coisas novas ou fazer outras turnês além do festival?

Eu comecei uma banda nova com alguns amigos chamada Moon Tiger. Eu me revezo entre o acordeão, percursão e voz. Estamos fazendo um rock da pesada, e eu amo isso. A gente anda compondo e já temos umas músicas de matar na manga. Espero que a gente consiga começar a tocar em 2015. Quanto à Miss M – não tenho certeza, mas é capaz que depois de tirá-la do armário, ela pode não voltar para lá. Pode ser que eu esteja gostando mais do que nunca de tocar. Uh, oh.

Como foi o processo de relançar seu catálogo?

Divertido. Eu deveria ter relançado as coisas com CD Baby antes!  A maior parte do meu catálogo está esgotado há anos. A era da internet atropelou a Miss Murg.  Então foi bem bacana colocar as coisas para fora de novo, no mundo do ‘streaming’.

Você está colocando suas músicas em plataformas de ‘streaming’ tipo Spotify, Rdio e Beats?

Eu amo descobrir coisas novas, então quem sabe se colocar Miss M em todos esses sites, quem sabe as pessoas que vão descobrir esse som novo?

A divulgação de músicas que já foram lançadas é diferente daquela feita para um álbum novinho em folha? Quais são suas expectativas: alcançar uma nova audiência ou uma coisa do tipo “Só quero deixar digitalmente disponível para quem já é meu fã”?

Eu acho que relançar as coisas digitalmente é a chance para que elas voltem a aparecer por aí. Sem custos de produção, mas tampouco com uma turnê de verdade ou divulgação de relações públicas – além desse festival – que foi o que me levou a relançar. Eu estava só procurando um motivo e a volta da Miss M através do Accordion Noir me pareceu um bom motivo. Se e quando eu fizer um álbum novo, vai ser um animal completamente diferente. Fazer um som com o Moon Tiger reacendeu meu fogo para a coisa toda. Além do mais, é legal me divertir com meus amigos,  e eu estou a fim de fazer isso na frente de outras pessoas. Moon Tiger em 2015. Você ouviu aqui primeiro.

Já que a Miss Murgatroid ficou tanto tempo longe (com algumas breves voltas), como você faz para contar às pessoas que está de volta à atividade?

Eu tenho um número decente de seguidores nas redes sociais, então eu boto elas para funcionar. Meu trabalho como fotógrafa e cineasta me deixou em contato com amigos e fãs, então é natural usar a mesma plataforma para divulgar a Miss M. Engraçado que faz tanto tempo que ela está ausente que muitos dos meus amigos nunca a encontraram. Eles falam coisas do tipo  “espera, você toca acordeão também?  Ahn?”  Meu melhor amigo Lake vai comigo à festa e está loucão para ver essa parte de mim ressurgir. E também, desde que comecei a treinar e a fazer música de novo, percebi que aumentou o meu valor de mercado amoroso. Eu acho que o acordeão também é bom para isso

——

Anotem, vocês que andam meio broxados! A música pode ser o melhor remédio.

Você está voltando à música depois de uma longa pausa? Como você está pensando em retomar o palco? Conte para a gente na seção de comentários, aqui embaixo.

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Foto de Andy Batt.

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