O final da música: Como vai ser?

A transição para o silêncio, o corte seco, a repetição infinita, a modulação de tom… há muitas maneiras de terminar uma música — pelo menos na versão gravada — qual vai ser a sua escolhida?

 

Para artistas independentes, criar uma introdução cativante é vital para o sucesso. Afinal, se o ouvinte for embora nos primeiros segundos … bom, é óbvio que eles não vão ouvir o resto do seu trabalho. É pela mesma razão que o fim da sua música não chega a ter a mesma importância. Mas, se você quer que as pessoas continuem ouvindo seu som, é melhor que a música termine com chave de ouro. E aqui vão algumas técnicas que você pode usar para isso.

Corte frio

O corte frio é um dos jeitos mais comuns de terminar uma música hoje em dia e — de bônus — é o jeito mais fácil de reproduzir na hora de tocar ao vivo. Geralmente, ele vem durante um refrão.

 

Deixe o pessoal querendo mais

Poucas coisas deixam o ouvinte mais instigado do que simplesmente puxar o fio do amplificador no meio da música. “I Want You (She’s So Heavy)” deve ser a música que ganha o prêmio “final que Mais fez o povo pirar.” Você não pŕecisa ir aos extremos que os Beatles foram para conseguir esse efeito imporessionante, É só não terminar no acorde esperado. “Somebody That I Used to Know” termina num acotde bVII, o que faz o ouvinte querer começar a ouvir a música de novo.

A cappella

Terminar cantando a cappella virou um clichê, mas um clichê que pode te ajudar a imprimir emoção à música. Eu honestamente não amo a música “Let Her Go”, do Passenger, mas esse final é devastador.

Diminuir o som até o silêncio (ou Fade to black)

O fade costumava reinar. Em 1985, todo single da lista top dez usava fade para terminar. E nos últimos tempos? Nem tanto. Desde 2009 (mais ou menos) o número de hits no Top 10 que usam o fade to black vai de zero a um. Por que tanto ódio? Bom, para começo de conversa, as pessoas acham que é uma solução preguiçosa. “O quê? Você não conseguiu fazer um fim de verdade?”, eles ficam se perguntando. Também existe o fato de que as pessoas ouvem música de outra maneira agora. É tão fácil passar para a próxima, quem vai querer ouvir a música ficando mais silenciosa até sumir, por vários segundos?

Mas o fade pode ainda ser um jeito interessante de terminar a sua música. “Life During Wartime”, dos The Talking Heads, termina com o David Byrne ainda cantando. Cantando uma letra que não tinha aparecido na música até então. É capaz que você se aproxime da caixa de som para ouvir o que ele está dizendo.

Um dos meus fades prediletos é um do Traffic. Eu amo como eles tocam o acorde mais feio do munto e deixam ele ressoando enquanto a música vai acabando.

Note que: Se você estiver montando um álbum, não quer que toda música termine com um fade. Cansa rápido.

Fade parcial

Você pode diminuir o som de alguns elementos da sua múica, para dar brilho aos outros elementos do mix. Diminua o som da música e deixe as vozes ressoando, ou vice-versa. “No Conclusion”, do Of Montreal, é o exemplo de uma boa mudança: eles diminuem as vozes e os instrumentos principais.

Para o Infinito e Além!

Final? A gente não precisa de um encerramento zoado! Por mais que o fade dê a impressão de que uma música continua para sempre, tem artista que tentou fazer uma música que não acabasse nunca, de verdade. O disco de vinil de “Expressway to Yr Skull”, Sonic Youth, tocava para sempre, porque a última volta do disco se repetia em loop. “This Dust Makes That Mud”, música dos Liars, faz outra coisa tão boa quanto: aproveita todo o espaço de um CD. Por mais que esteja marcado no encarte que a música tem 30 minutos, a canção de verdade termina lá pela marca dos 8 minutos. E o resto é uma repetição, um glorioso loop. E, sim, eu escuto essa música inteira direto.

Mude o tom! (Ou não mude não!)

Mude o tom do seu refrão. Mas por favor, pelo amor de Deus, por caridade, não use a Truck Driver’s Gear Change (ou Mudança de Marcha do Caminhoneiro, em português), para terminar sua música. A TDGC é uma técnica em que você sobe um tom ou diminui um tom no fim da música. É usada demais e carece de imaginação, e geralmente é empregada só para o cantor mostrar que tem habilidades, sem se esforçar de verdade.

MAS há um mas! Se você conseguir achar um tom bem raro para modular sua música, essa técnica pode trazer uma alegria imprevista.

A música “How Will I Know”, da Whitney Houston, subverte a regra quando ela canta a música um terço para baixo.

Curva para a esquerda

Danem-se os finais tradicionais, você quer dizer? Pro inferno com a mudança de tom! Vamos pirar e jogar algo inesperado para o ouvinte! Estamos juntos. Eu amo quando uma música dá uma guinada louca para a esquerda, e esse é um dos motivos pelos quais eu acho o Kanye West tão fascinante, porque ele usa essa técnica o tempo todo. Talvez ele seja meu exemplo predileto.

É claro que pode ser difícil conseguir alcançar algo assim— ainda mais se você estiver gravando hip-hop, em que você muda completamente a música usando um sample, ou um trecho de outra música. Mas, se você fizer direitinho, pode ser memorável (Vide “Layla.”)

Vá embora com um choque

Guarde sua melhor cartada para o final, certo? Olha, eu sei que é tentador usar seu melhor material no refrão. Mas não há como negar que construir um final grandioso é massa.

Ou talvez, quem sabe, você pode contratar o Steve Vai e o Billy Sheehan para tocarem na sua música…

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Scott McCormick é músico, além de autor da série de livros infantis Mr. Pants. Seu novo audio livro Rivals! Frenemies Who Changed the World(Rivais! Amigos que se odiavam e mudaram o mundo) foi classificado como “história bêbada contada para crianças do ensino fundamental”, e está disponível no Audible. O Scott pode ser encontrado no e-mail storybookediting@gmail.com.