Notas de um Produtor de Música Independente, Parte 6: Seis Dicas de como se Auto-Produzir

[Este post foi escrito pelo colaborador e produtor musical Jamie Hill.]

No último post, eu falei sobre como é difícil saber quando uma música está pronta quando o artista está se auto-produzindo. É duro! Mas não criemos pânico; neste post, eu vou levantar algumas ideias de como se auto-produzir com sucesso.

O jeito fácil e óbvio de fazer gravações de sucesso é achar um bom produtor com quem trabalhar.

Os bons produtores desenvolveram um sexto sentido que diz a eles quando um álbum vai funcionar. É bem difícil de se fazer comunicar – para mim, é tipo a sensação de quando a gente coça um pedaço do corpo que estava com comichão. Eu presumo que seja um processo diferente para cada pessoa, mas similarmente nebuloso. Mas, se você tiver um de nós trabalhando para você, vamos contar quando estivermos sentindo isso. É parte do nosso trabalho (e grande).

Mas, e se você não puder trabalhar com um bom produtor?

Bom, primeiro de tudo, você pode sim trabalhar com um bom produtor. Fica a dica. Minhas informações de contato estão no meu site. Mas digamos que você não tenha o orçamento, ou goste de fazer as coisas por conta própria, ou tenha alguma outra situação que te impeça de trabalhar com um profissional. O que vocẽ deve fazer, então?

Meu único e maior conselho: foque na música.

Eu sei que isso quando você ler isso vai ser um momento “dããã”, mas é incrível o número de pessoas que se perdem em meio ao processo de produzir uma música e perdem a perspectiva de o que estavam fazendo no começo. Sem uma música, você não tem nada. Então coloque a música no centro da sua vida. Do que a música precisa? O que você está tentando comunicar com a obra de arte que está criando? Pense sempre nisso e você deve ficar bem.

Ideia número dois: produza de menos.

Ou, para dizer de outro jeito: quando na dúvida, menos é mais. A causa que mais leva os artistas a empacarem num disco e não terminá-lo é a armadilha do “Só precisa de uma coisinha para ficar pronto”. De repente, você tem 40 faixas de violão e teclados e tudo está misturado e nada faz sentido. Então: por que você não testa para ver como algumas faixas vão se sair, comunicando o que a música precisa comunicar? De novo, o que importa é a canção.

Ideia número três: coloque limitações artificiais nos meios de produção do seu som.

Gravar em computador é uma faca de dois gumes. As possibilidades infinitas podem ser embasbacantes. Algo que pode funcionar maravilhosamente é fingir que existe um limite. Faça de 16 a 24 faixas, no mínimo. Isso vai te forçar a ser honesto bem rápido, sobre o que é necessário e o que não é necessário.

Ideia número quatro: coloque prazos fictícios no tempo que pode gastar com a gravação.

Se você tiver um limite fixo de tempo em que tem de trabalhar, você vai ficar muito mais focado. Contratar um produtor, diga-se de passagem, é um ótimo jeito de limitar o tempo que você vai gastar, já que você precisa pagar pelo tempo dele.

Ideia número cinco: confie nos seus instintos e trabalhe rápido.

Essa é outra das grandes. Se você consegue se habituar a trabalhar rápido, e ainda assim manter sua auto-crítica rolando para refinar o seu trabalho enquanto ele rola, você fará boas gravações. Ponto. E você fará muitas delas, melhorando e refinando suas habilidades com cada uma delas.

Ideia número seis: seja você.

Eu vejo constantemente acontecer com produtores: eles comparam seu trabalho com gravações feitas por pessoas mundialmente famosas com recursos praticamente ilimitados, e suas músicas não se comparam a elas. Bom, é claro que elas não se comparam! Porque não é uma comparação justa. E tá tudo bem.

É só fazer o melhor que você consegue. É muito sedutor pensar nas suas gravações feitas a duras penas num quarto comparadas com projetos de milhões de dólares feitos por gravadoras. Essa coisa de “Se eu trabalhar mais um pouquinho eu chego lá”. Mas vamos ser sinceros– é muito improvável. Então meu conselho é que você estabeleça metas mais realísticas para fazer as melhores gravações que conseguir com as ferramentas e habilidades que tem disponíveis – sem fazer comparações absurdas.

Então, para resumir 1) faça as melhores gravações que puder, que 2) honrem suas músicas o máximo o possível e que 3) sejam feitas o mais rápido o possível. E depois vá para o mundo vender umas cópias do seu trabalho, para que da próxima vez você consiga fazer coisas melhores com o que aprendeu desde a última vez. Para o alto e avante!

[Para mais dicas de produção musical, confira a Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4 e Parte 5 desta série].

Biografia do autor: Jamie Hill é um produtor de música independente, engenheiro de som e autor. Ele foi indicado ao prêmio de Melhor produtor no Independent Music Awards de 2014. Hill trabalha com vários gêneros, especialmente em nichos de música independente e alternativa e com bandas como ArnoCorps, Shannon Curtis e muitas outras. Ele chegou às paradas de sucesso internacionais com o artista sueco de indie-pop Jens Lekman, cujo álbum An Argument With Myself estreou na parada Billboard Heatseekers Top 10 em vários países.

Texto originalmente publicado no site Pyragraph.com.