Por Chris Robley
Uma entrevista com Monica Rizzio
Eu encontrei com a cantora e compositora Monica Rizzio no ano passado na primeira conferência DIY Musician Conference, em Chicago, onde a gente trocou uma ideia sobre crowdfunding (eu tinha acabado de acabar uma campanha no PledgeMusic e ela estava prestes a lançar a dela).
Nos meses seguintes, foi interessante ver como a sua campanha — e o álbum que ela gerou — tomou forma.
Do ponto de vista do marketing, a Monica conseguiu atingir todas as notas: boa música, uma história com ganchos interessantes para a imprensa, uma criação de branding e marca pessoal que ressalta essa história, aclamação de pessoas importantes e mais.
Uma das coisas que mais me interessou, entretanto, foi que ela passou o mẽs que precedeu o lançamento tocando muito pelo país e suas músicas começaram a entrar nas paradas de rádios folk. Eu fiz algumas perguntas para ele sobre o lançamento de Washashore Cowgirl e como foi a divulgação do seu som, especialmente para as rádios
CR: Você já cantou e tocou em várias configurações e bandas por um tempo, o que há de diferente nesse álbum?
MR: Eu estou saindo por aí — musicalmente e emocionalmente — com certeza. Durante os últimos dez anos, eu estive num quarteto de folk pop que cantava ao redor de um microfone condensador. A gente escrevia as músicas juntas, e fazia todos os arranjos juntas também. Quando eu saí do Tripping Lily, em 2012, queria me desafiar a escrever um álbum, fazer os arranjos eu mesma, voltar para as minhas raízes do Texas, plugar meus instrumentos e fazer barulho.
Muitos artistas, na hora que tentam escrever uma biografia ou press release para a sua própria música, nãoa acham que têm uma história interessante a contar. Mas eu sempre acho que é possível cavar um pouco mais fundo, ou se focar em um aspecto de sua vida, as histórias já estão lá — e muitas vezes são bem dramáticas. Eu me interesso em como o “branding” do seu álbum Washashore Cowgirl é montado ao redor de um aspecto importante da sua vida. Você pode nos contar um pouco sobre como foi achar esse aspecto?
Eu concordo com você: todo mundo tem uma história por trás da música. Você só tem de ir fundo. Eu era uma garota que cresceu no East Texas num rancho de 30 acres, não vi o oceano até ter 14 anos e cresci fazendo corrida de cavalo e cantando. Quando eu me mudei pra costa Leste dos EUA, fiquei em choque. Só estava acostumada com a vida no campo — onde todo mundo sabia seu nome e você queria saber todos de todo mundo.
Eu já estava morando lá há algum tempo quando decidi fazer meu álbum de estreia. Sabia que queria voltar às minhas raízes texanas. A semente foi plantada tanto tempo atrás, quando eu era criança, e eu queria contar a minha história. Eu pensei que, já que as pessoas pensavam em mim como uma “Washashore” (uma caipira que se muda para perto do mar), desde que me mudei para Cape Cod, pensei que o nome Washashore Cowgirl fazia sentido.
Na DIY Musician Conference do ano passado, a gente falou sobre fazer campanhas no PledgeMusic, e você estava prestes a lançar a sua. Depois de ter conseguido financiar seu projeto, pode dar uma aulinha de um minuto sobre o tema? Arrependimentos? Conselhos para outros artistas?
Experiência incrível, consegui me engajar muito com as pessoas que contribuíram. Foi ótimo trabalhar com o PledgeMusic.
Um arrependimento: NÃO COLOQUE NOVAS RECOMPENSAS NA ÚLTIMA HORA. Eu deveria ter listado todas as contrapartidas desde o começo. Eu acho que é difícil conseguir que as pessoas fiquem voltando à sua página, está todo mundo tão ocupado e quando eles acabam na sua página no PledgeMusic, eles têm de conseguir ver todos os incentivos.
Na preparação para o seu lançamento, você contratou uma pessoa para fazer a divulgação do seu som no rádio (já vamos chegar nisso num minutinho), mas eu fiquei curioso para saber o que mais você fez.
Eu voltei para o motor da minha vida desde que eu me apresentava no Belmont, em Nashville, e continua sendo até hoje, as pessoas do mesmo lugar de onde eu vim.
Eu fico feliz de dizer que fui convidada para tocar com Tom Rush no Symphony Hall, no seu show No Regrets. Eu conheço Patty Larkin porque ela é outra Washashore aqui em Cape Cod, e Mark Erelli e eu nos conhecemos há muito tempo, e escrevemos uma música juntos para o novo álbum.
Eu acredito que todas as conexões que você faz na sua carreira, quer eles sejam ligados a música ou não, são importantes e devem ser alimentados. Nunca se sabe o dia de amanhã.
Então quanto tempo demorou para você ACHAR alguém para divulgar sua música no rádio?
Eu pesquisei por muito tempo. Eu queria um divulgador de rádio que não fosse desistir de mim, que fosse me tratar como uma prioridade. Depois de falar com muitos amigos músicos, o nome da Blue River Promotion apareceu várias vezes. Quando eu estava na NERFA, estava esperando para fazer o check in e a Lisa Grey estava atrás de mim. A gente começou a conversar e eu me dei conta que ela era a pessoa para contratar para esse projeto.
Depois que vocês tinham combinado de trabalhar uma com a outra, como foi esse processo?
A gente decidiu que não ia fazer singles, e divulgar o álbum inteiro. Ela tem uma lista de DJs enorme, e queria mandar meu disco para muitos deles. Durante esse processo, eu precisava ter certeza que meu álbum também estava disponível digitalmente, porque alguns DJs iam ouvi-lo dos dois jeitos. No fim, eu mandei mais de 450 CDs… É caro, amigos, mas vale a pena.
É claro que alguém que faz divulgação para rádio não pode prometer resultados específicos, mas pode se comprometer a trabalhar um tanto para sua música. Qual foi o combinado entre vocês duas, para ela fazer a divulgação?
Ela não prometeu nada a não ser que ia oferecer meu álbum com toda a competência. Foi a partir das recomendações que recebi dela que soube que ela ia dar conta, e, até agora, estou feliz de que meu som entrou no Sirius XM The Village, e estou entrando nas paradas de sucesso de Folk e da AMA.
E por falar nisso, seu álbum estreou no número 6 do Top 50 Trad Folk Album, uma parada de álbuns folk, e foi para o número2 do RMR Top 50,… algo mais?
Washashore Cowgirl entrou como número 7 no Top Album da parada Folk DJ em março. Minha música “Willie Nelson” é o número 9 da Top Song; e “Delta Dawn” e “You and Me” empataram no número 16 da Top Song. Além disso, eu estou no número 10 da Top Artist.
Num nível prático, o que isso significa? Quantas vezes sua música toca em quantas rádios?
Minhas músicas estão tocadas no país inteiro. Quanto ao número de vezes, varia. Estou tocando 15 vezes em algumas rádios. Às vezes mais, às vezes, menos. É um negócio variável.
Você tem um pressentimento (ou dados) de como tocar no rádio influenciou suas vendas, o quanto as pessoas ouvem sua música em streaming?
Até agora, estou vendo pouco impacto na minha venda de álbuns, de downloads etc. É difícil quando as pessoas podem ouvir meu álbum DE GRAÇA. É por isso que eu tentei ser criativa com minha mercadoria, dar às pessoas algo que elas não conseguem no streaming de graça.
Como você planeja manter essa onda de sucesso no rádio?
Eu estou criando relações com todos os DJs que estão tocando minha música. Eu quero agradecer pelo tempo que estão dedicando à minha música. Eu dei algumas entrevistas. Vários deles falaram que conseguem sediar um show meu quando eu estiver por la. E isso me anima muito!
Como você compartilha as notícias da sua presença no rádio com seus fãs?
Eu tento ficar em cima e contar uma vez por mês em que parada eu estou, novas rádios que começaram a tocar minha música etc. É uma questão de equilíbrio, e preciso descobrir como balancear as duas coisas. Ou eu posso acabar grudada no meu computador o dia todo e nunca fazer música.
Você planeja suas turnês em função dos lugares que estão tocando sua música? 20 anos atrás era essencial tocar nas cidades em que você estava no rádio, mas isso ainda é relevante? Você consegue criar conexões com esses ouvintes de outros jeitos: Concert Window, YouTube etc.?
Eu planejo minhas turnês em função de onde estou sendo tocada, e tento entrar em contato com as estações onde não estou sendo tocada. Eu consegui conquistar fãs no Concert Window e no YouTube, que são importantes e ficam na ponta dos dedos. Eu só tento ser criativa com meus vídeos e shows.
Você teve um grande evento de lançamento em Passim. Como foi?
Foi um show maravilhoso, e os ingressos quase esgotaram. Era o meu primeiro show como atração principal.
O que você tem na manga para DEPOIS do lançamento?
Eu estou trabalhando no meu horário de turnê todo dia. Estamos trabalhando no meu primeiro videoclipe, da música “Willie Nelson” — e isso exige planejamento. Eu também estou preparando uma fornada de músicas para o meu próximo CD, então quero me manter ocupada o tempo todo.
Você foi na conferência DIY Musician Conference, na NERFA e provavelmente em alguns outros eventos do mercado fonográfico. Você também toca uma organização de artes e educação no Cabo. Quão importante é para você ter acesso a uma rede de colegas e profissionais da música? Alguns artistas parecem evoluir nesse contexto, enquanto outros fazem as coisas amigo por amigo (mas têm alergia a networking). Para mim, as duas abordagens parecem a mesma coisa, por mais que eu entenda como a primeira pode intimidar pessoas tímidas. Bom, esse foi um jeito bem longo de perguntar como você constrói uma rede.
Eu fui às conferências DIY e NERFA no ano passado. Elas foram as duas bem informativas e fiz um ótimo networking.
Muitas vezes eu sinto que estou há tanto tempo nesse negócio que o que mais resta para eu aprender? Mas eu sempre fico maravilhada quando saio de um lugar desses com um bloco de notas repleto de ideias e contatos. Eu fiz tantos amigos músicos nessas duas conferências, com quem fiz parcerias, troquei ideia etc.
Networking é o segredo do sucesso.
Quais músicas você mais se orgulha de ter escrito, e por quê?
Eu tenho mais orgulho da minha música “Willie Nelson”. Foi a primeira vez que escrevi uma música da perspectiva de outro artista. Eu sou fã do Willie Nelson desde sempre, e sempre quis escrever uma música como ele. Mas eu nunca tinha pensado em como seria o refrão da música. Até que me veio “I’ll Be Your Lover If You’ll Be My Willie Nelson” (eu serei seu amante se você for meu Willie Nelson)
Eu tive o prazer de assistir a um show dele em Boston, recentemente, até fui para o backstage. Foi uma experiência maravilhosa. Eu entreguei para ele uma cópia da minha música… Quem sabe o que vai sair disso. Eu só sei que encontrei um dos meus HERÓIS da composição musical!
Visite o site da Monica Rizzio para mais informações e músicas.
Você já entrou na parada do rádio? Como conseguiu? Como foi trabalhar com um divulgador no rádio? Conte para a gente nos comentários, abaixo.