Um compositor indie vai parar de fazer música se não lucar US$ 1 milhão no Spotify até 2018

Um compositor indie vai parar de fazer música se não lucar US$ 1 milhão no Spotify até 2018Por Chris Robley

… e ele planeja ganhar esse dinheiro com um playlist de 8 horas no Spotify, formada por 300 de suas próprias canções

Parece demais? O Matt Farley anda tomando decisões extremas já faz uma década, e eu — pelo menos — amo isso.

Você pode lembrar do Matt Farley como o cara que saiu na imprensa por ter escrito 17.000 canções usando 70 pseudônimos diferentes, inclusive Papa Razzi e Photogs, The Very Nice Interesting Singer Man, The Toilet Bowl Cleaners, The Passionate & Objective Jokerfan, e The Singing Animal Lover. Ele virou tema de materia em vários blogs de música, sites de notícia e até na NPR, a rádio pública americana — falando sobre o processo de criar e gravar várias canções por dia.

A ideia é simples na teoria, mas bem mais complicada na prática: se você escrever uma música sobre todo e qualquer assunto, primeiro nome, feriados, time do coração, descobertas científicas, diretores de cinema etc., então vai conseguir muitos, muitos acessos com um pequeno tráfego de cada um — esticando a cauda longa. Genial? Louco? Os dois?

De qualquer jeito, eu o conheci e comecei a amá-lo quando ele era a metade da dupla Moes Haven, que lançou um álbum com a CD Baby cerca de dez anos atrás, e que tinha uma canção chamada “CD Baby.” Nela, o Matt Farley tentava nos persuadir a colocar o Moes Haven na homepage da cdbaby.com, e inclusive dá seu número de telefone como parte da letra. Bom, o fundador da CD Baby, Derek Sivers, ligou para ele E colocou seu som na homepage por alguns dias. O que mais me deixou intrigado sobre a canção, entretanto, foi que por mais que ela parecesse banal (superficialmente), ela era hilariamente cheia de auto-conhecimento.

Então, por mais que seu projeto atual possa parecer extremo (escrever uma canção sobre cada tema em que ele puder pensar), Matt Farley escreve na velocidade de luz e não é nenhum “artista outsider.” Seu suto-conhecimento e sua perspicácia transparecem, mesmo quando a qualidade de gravação ou de performance não estão exatamente com tudo.

Os releases extremos de Matt Farley

O Matt outro dia mandou um email sobre o guarda-chuva que encampa todas suas identidades (o Motern Media). A mensagem dizia o seguinte:

Um homem escreveu 17.000 músicas!!!!! O nome dele é Matt Farley. Ele tem um plano infalível para ganhar US$ 1 milhão!!!!

Ele decretou que o dia 3 de junho é o DIA MUNDIAL DO MOTERN. E, no DIA MUNDIAL DO MOTERN, 1 milhão de pessoas vão entrar na PLAYLIST oficial do Motern no Spotify. É uma playlist com 300 canções e 8 horas de duração. A cada vez que alguém ouvir a lista inteira o Matt ganha cerca de US$ 1.50.

E se não funcionar????

O Matt decidiu que continuará com sua composição prolífica até 2018, quando ele terá alcançado a marca de 20.000 músicas! Se esse plano infalível para ganhar dinheiro com música tiver falhado, ele vai desistir de fazer música!

Quatro lições da carreira ousada e ridícula de Matt Farley

Eu fiquei me perguntando se esse projeto tinha um fundo de ironia, em que ele está tanto capitalizando QUANTO criticando os pagamentos pequenos que serviços de “streaming” dão por cada vez que alguém toca seu som. Então eu escrevi para perguntar para ele.

Ele diz, “Não é nem um pouco uma crítica ao “streaming”. Eu amo “streaming”. Em vez de implorar pelo dinheiro das pessoas, estou só pedindo que elas gastem seu tempo com meu trabalho. “Streaming” é o futuro!”

Eu perguntei a ele se músicos independentes poderiam ganhar algo com o extremismo que ele usa na sua carreira musical. E ele respondeu:

  1. Seja único e faça algo interessante

“Nós não temos grandes empresas divulgando nosso trabalho o tempo todo como a Taylor Swift tem. Então, se a gente espera ganhar alguma atenção, precisamos fazer algo interessante e que se destaque. A rádio NPR fez uma matéria comigo no ano passado porque descobriram que eu tinha feito tantas músicas.”

  1. Seja produtivo

“Escreva mais! Se você escrever 17.000 canções, daí talvez consiga acabar com umas 300 de que realmente se orgulhe.”

  1. Não seja perfeccionista lance qualquer coisa

“Lance as músicas que podem não estar perfeitas. Se você não quiser danificar sua reputação, lance-as com um nome diferente! Mas, se você dedicou algum tempo fazendo essa música, é melhor que você a ponha para o mundo ver. Há várias músicas que eu achava ruins e que acabaram caindo no gosto de muitas pessoas!”

  1. Seja corajoso e ridículo

“É um pouco demais pedir que as pessoas escutem 300 escritas e cantadas por um cara de quem elas nunca ouviram falar Mas, por esse pedido ser grande e ridículo demais, ele agarra a atenção delas muito mais do que se você só dissesse, ‘Meu novo álbum saiu, por favor o escute.’ É melhor dizer ‘Se um milhão de pessoas não ouvirem essa playlist de 8 horas, eu paro de fazer música!’ Fazer ameaças de aposentadoria é uma coisa nova para mim. Mas eu acho que é bem interessante! E, se for interessante, jornalistas podem escrever sobre isso. E, se as pessoas escreverem sobre isso, é propaganda de graça.”

[Eu estou escrevendo sobre isso agora mesmo, então… propaganda de graça!]

Eu sei que muitos artistas independentes se sentirão desistimulados por esse tipo de busca, e pensarão que os esforços do Matt são só um truque, mas essas lições valem para qualquer artista, mesmo se você não levar as coisas para o extremo que o Matt levou. (Veja vídeo abaixo).


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