Se não tem galera, não tem crowdfunding

[Este post é um trecho do livro Crowdstart, de Ariel Hyatt]

Num dos meus filmes prediletos, Old School (no Brasil, Dias Incríveis) Frank the Tank (interpretado por Will Ferrell) fica bêbado numa festa numa república, tira sua roupa e grita “Beleza, galera, a gente vai correr por aí pelado! Vamos nessa!” Ele sai correndo pela rua nu — mas ninguém o segue. Ele acaba fazendo um cooper pela cidade, peladão, ainda gritando“Vamo correr pelado!” sem ter percebido que está sozinho.

A não ser que você queira acabar que nem o Frank the Tank, antes de sair berrando “Estou lançando uma campanha de crowdfunding!” é preciso saber que você tem uma galera que está disposta a te seguir e te dar o apoio de que precisa.

Isso significa que você precisa: (1) construir uma base sólida de seguidores, e depois (2) engajá-los com regularidade.

A Amanda Palmer é a maior rockstar do crowdfunding porque soube fazer bem essas duas coisas. Essa mulher sabe se ligar emocionalmente aos seus fãs. Isso faz parte da assinatura dela e de sua história — as conexões emocionais que ela consegue estabelecer. A palestra dela em inglês no TED Talk mostra isso com profundidade, e eu recomendo que você assista, já que pode ser um ótimo exemplo para você construir sua própria base de seguidores:

Como a Amanda se conecta com sua galera? É simples.

Ela FICA na casa de show após terminar cada uma de suas apresentações e dá autógrafos em cada produto com nome dela ou pedaço de papel.

Ela FICA até tocar pessoalmente todo fã que quer vê-la

Daí ela FICA em contato com eles, mesmo depois de ter saído da sua cidade, através da sua newsletter, seu blog e suas mídias sociais.

Ela usa o que eu chamo dos 3 C’s (CCC): conteúdo consistente e comovente.

Ela conta causos, convida os fãs a estarem com ela em todos os lugares, ela faz perguntas. Ela cria e mantém relações.

Ela entende as regras do engajamento, e não tem mágica nenhuma aí — só requer consistência. Como resultado dessa consistência, ela tem um mailing gigante e suas redes sociais são sempre ativas.

Foi a “crowd”, ou a galera, que a apoiou na sua épica campanha de Kickstarter, criada para custear o álbum novo da banda Amanda Palmer and The Grand Theft Orchestra. Ela queria levantar dinheiro suficiente para mixar, produzir, distribuir, divulgar e planejar uma turnê do álbum.

A campanha da Amanda Palmer não se tratava só dela

A meta dela era angariar US$100.000 em 31 dias. Incrivelmente, ela alcançou essa meta (e passou) sete horas depois de o projeto ter sido postado. O resultado final, passado um mês? Amanda levantou US$1.192.793 para seu álbum, dinheiro que veio de 25.000 apoiadores. Era a primeira vez que um músico tinha angariado mais de um milhão de dólares com crowdfunding.

Mas não se tratava só do sucesso de Amanda— era a galera dela. Como diria o editor do Techdirt blog, Mike Masnik: “Nunca se tratou só da Amanda. Isso (e muitos outros projetos tocados por criadores que se conectam com seu público) se trata de envolver os fãs e torná-los parte do experimento… o sucesso da campanha foi o sucesso dos fãs também.”

Alguns anos atrás, uma cantora muito mais famosa tentou fazer uma campanha no Kickstarter, mas falhou. A cantora islandesa Björk tentou arrecada dinheiro para fazer um app, Biophilia, baseado no seu álbum de mesmo nome. Seu objetivo era levantar 375.000 libras esterlinas em 30 dias, mas depois de só ter conseguido 15.500 libras após os dez primeiros dias, ela encerrou a campanha.

Por que a campanha da Björk não funcionou? É porque na época que ela lançou o crowdfunding, ela quase nunca tentava se engajar com seu público; no ano anterior à campanha, ela twittou exatas três fezes. Até hoje, ela raramente posta. A Björk postou cerca de 1.000 tweets até hoje (enquanto a Amanda Palmer postou mais de 75.000 tweets no mesmo período de tempo). A comunidade ao redor da Björk não está acostumada à interação e a se comunicar com ela e com seus projetos, como o de crowdfunding. Em 2015, Björk lançou um disco de sucesso e foi tema de uma exposição com ingressos esgotados no MOMA, e é esse o tipo de marketing que parece se alinhar com a marca icônica da cantora.

A moral da história? Não tente fazer crowdfunding até que você tenha engajado um público que consiga medir, e até ter um plano para manter essa audiência engajada antes, durante e depois da sua campanha.

A notícia boa é que construir e engajar uma galera é mais fácil do que você pensa. No livro Crowdstart, você encontra estratégias eficientes de como cultivar uma. Nós falamos sobre como criar e engajar uma comunidade online de fãs usando os canais e plataformas que você escolher, começando pelo site e englobando mídias sociais, plataformas visuais como o YouTube, Instagram e Pinterest e como entregar conteúdos bons em blogs, podcasts e newsletters. Você deveria ter um de cada desse antes de começar sua campanha de crowdfunding.

Um aviso: é preciso esforço para construir e manter uma presença online, e você não pode negligenciar sua galera depois de ter gastado tempo e energia para reuni-los. Sua ligação emocional com essa galera é essencial. É por isso que é crucial se engajar com eles, tanto online quanto na vida real.

Baixe, de graça, um capítulo do livro Crowdstart, em inglês, AQUI.


Se não tem galera, não tem crowdfundingAriel Hyatt tem sido uma feroz empresária há 20 anos. Ela dirige a Cyber PR, uma empresa de mídia social dinâmica e estratégia de conteúdo com sede em Nova York. Sua agência coloca artistas em blogs e podcasts, estabelece suas marcas on-line e os ajuda a construir suas bases de fãs. Ela já se apresentou em 12 países e é autora de quatro livros sobre mídias sociais para músicos, incluindo o “Music Success in 9 Weeks”, que atingiu o número um em vendas na Amazon. Seu livro mais novo Crowdstart está disponível agora na Amazon e em seu site com um bocado de bônus surpreendentes!