Os 5 tipos de medos na hora de lançar músicas novas (e como curá-los)

Por Chris Robley

O medo pode vir em muitas formas para um artista que está prestes a lançar um novo álbum ou um novo single. Tudo fica muito aumentado quando você está prestes a mostrar para o mundo uma música que passou anos gravando. A animação, as dúvidas, os altos, os baixos.

Aqui vai uma lista dos medos mais comuns que podem pintar quando se está prestes a lançar um som novo.

“As músicas são ruins”

Quando sua música está pronta para ser distribuída, é capaz que você já esteja cansado dela. Você a escreveu. Você revisou. Você ensaiou. Você mixou e fez a masterização. O mistério já acabou, se é que já houve algum mistério (já que você foi o arquiteto da composição). E você está a anos-luz do ânimo inicial que te levou a começar a escrever a música.

Olha as notícias boas: seu entusiasmo inicial não devia estar errado. Se a música era boa o suficiente para você escolhe-la para colocar no disco, e se você passou por algum tipo de controle de qualidade durante o processo, com seu produtor, seus colegas de banda, co-autor ou outro colaborador, a música deve ser tão boa quanto você pensou que era no começo. Quando ela chegar a novas orelhas, vai estar cheia de surpresas, idéias novas, uma melodia envolvente e ganchos interessantes.

Não confie na sua percepação final e nem sempre duvide do que você SENTIA em relação à música. E, se você de repente estiver se comparando aos gênios da música, para com isso. Você fica embasbacado porque eles fizeram algo que você não conseguiria. Outra pessoa pode estar embasbacada com você pelo exato mesmo motivo.

“O som é uma m*#2a”

Enquanto você ouve sua faixa um bilhão de vezes, não é só a magia da música que vai caindo nos seus ouvidos, mas é a mágica do SOM que vai morrendo também. Você ouve cada “imperfeição” até que, uma hora, só consegue ouvir imperfeições. O som tá granulado. Os vocais estão desafinados. Minha voz está esquisita. A batida é clichê.

Algumas das suas preocupações podem ter motivos, mas a maioria delas imagino que não tenha. Eu sou conhecido por perder meu sono por detalhes de som tão pequenos que nem os engenheiros de som conseguem ouvir — em alguns casos— eles têm a reação oposta à minha, e acham que minha preocupação vai salientar os defeitos da música.

A maioria das coisas que me fazem arrepiar nas gravações das minhas músicas não são ouvidas pelas pessoas comuns. Você também está pirando por conta de nada?

“Ninguém vai ouvir”

Você está preocupado com algo pior do que não ser ouvido: que sua música vai ficar online por toda eternidade e só ser ouvida por streaming  do Forgotify — um app que toca músicas que nunca foram tocadas no Spotify.

Há milhões de canções assim, então talvez esse medo tenha fundamentos. Mas o bom é que você pode fazer algo para evitar. Você pode não ter uma gravadora injetando dinheiro numa campanha de divulgação em rádio ou streaming, nem ter uma verba grande para RP ou produção de vídeo, mas há muitas ações pequenas  que você pode fazer para “promover” sua música (o que significa, simplesmente, conseguir que alguém ouça). Esse blog  está cheio de idéias assim. Se você for vencido por esse medo, não vai conseguir. Então faça um plano, execute e o ajuste conforme for executando.

“Ninguém vai curtir”

Existe uma pequena diferença entre “ninguém vai gostar da minha música” e “nem todo mundo vai amar.”

Abrace o “nem todo mundo vai amar” e esqueça o primeiro medo.

Lembre-se, não dá para agradar todo mundo. Você provavelmente nem vai conseguir agradar à maioria das pessoas. É por isso que há mais de 600 gêneros musicais na loja de música da CD Baby.

Caraca, minha mulher não gosta DE BEATLES! (Eu não me responsabilizo pelo gosto dela).

Mas, se você conseguir impressionar uma pequena parte da enorme população, ou uma grande parte de uma pequena população, você terá um hit preparado para acontecer. Então não vá ficar magoado a cada vez que alguém não gostar da sua música, ou ficar indiferente a ela.

Quanto a críticas ruins, na imprensa, eu acho que nós, músicos, esquecemos que as pessoas não acordam e vão correndo ler resenhas de blogs de música. As pessoas estão vivendo suas vidas. Continue você vivendo sua música também. Sua música é a experiência que conecta os fãs a você, não quantas estrelas seu álbum ganhou do blogueiro da vez.

“Eu não vou recuperar o investimento”

Na CD Baby a gente ouve artistas falando coisas como “bom, eu dediquei três anos e US$ 10.000 nisso, então eu preciso cobrar pelo menos US$ 25 por álbum para conseguir recuperar o investimento.”

Primeiramente, não é assim que funciona. Sua música não precisa ficar mais cara quanto mais você gastar para fazê-la.

Segundo, essa lógica é meio titica para se levar para um projeto de gravação— essa primeira meta (e o primeiro medo) parte de uma natureza financeira. Quero dizer, É CLARO que você quer recuperar seu investimento. Você deve ter gasto muito dinheiro, tempo, energia e mais nesse projeto. Mas ninguém mais vai dar valor para ele nesses termos.  As pessoas só querem música.

Se você perder dinheiro fazendo um álbum, mas ele te trazer uma série de oportunidades de shows, vai ter sido um sucesso? Se você não recuperar seu dinheiro diretamente com as vendas e renda de streaming, mas uma música do seu álgum for usada num filme ou na TV, isso seria um sucesso? Se você não recuperar tudo, mas ganhar dinheiro suficiente para gravar outro álbum no ano que vem, terá sido um sucesso? Eu respondo todos as perguntas com: sim.

Eu entendo. Não dá para você gastar dinheiro e contrair uma dívida com cada lançamento. Você precisa fazer decisões financeiras espertas. Mas essas decisões acertadas têm de ser feitas ANTES de você começar a gravar. Se você precisa recuperar US$ 10.000 de despesas de gravação, e não pensa que vai conseguir levantar tanta grana, não gaste tudo isso com gravações!

O último (e mais comum) medo que dá antes de lançar é: “Isso não vai me levar a lugar nenhum.”

Você está preocupado que seu lançamento não vai ser o divisor de água que você imaginou no começo. Adivinha: não vai ser! Nada funciona exatamente do jeito que você sonhou. Isso não significa que não vá chegar perto, ou ser um sucesso de outro jeito que você não tinha previsto.

Em vez de perder o sono pensando se a música vai ou não atingir todos os públicos-alvo que você colocou para ela, esteja aberto para as oportunidades que ELA CRIAR, e vá atrás delas. No mínimo, você vai ter crescido enquanto artista, ganho experiência divulgando seu som e aprendido com o que funcionou –e com o que não funcionou. Isso já é alguma coisa, e você avançou mais do que onde estava antes.

E, serião, merece comemoração o fato de você ter a coragem de mostrar sua criatividade para o mundo. Por mais que haja muita música sendo feita por aí, é bom lembrar que A MAIORIA das pessoas não está produzindo nem lançando música. Então dá uma dançadinha e já começa a escrever a próxima.