O Twitter só está interessado nos ricos e famosos? Talvez por isso ele esteja mirrando.

Há uns meses atrás, o Twitter anunciou que planejava abrir o processo para ter sua conta verificada (uma conta de Twitter que vem com o logotipo de um tique azul do lado) para pessoas e empresas de interesse público. Até então, o Twitter só atestava a veracidade de marcas de alto nível e de pessoas de alto nível.

“Interesse público” é uma coisa bem subjetiva, com certeza, mas eu vejo isso da seguinte maneira: se os seus 300 amigos querem ver o que você twitou — e você não é um robô —  daí eu diria que há um interesse do público.

E, já que essa mudança foi anunciada junto com os critérios de como será aplicada, muitos blogueiros passaram a achar que a verificação tinha sido democratizada (no sentido de disponível para todos).

O processo é “aberto” assim: qualquer um pode ter sua identidade verificada, contanto que você possa provar que você é você e que sua foto de perfil do Twitter não seja a do ovo.

Para quem está curioso, eis o que o Twitter pede para começar um processo de verificação:

  • Um número de telefone comprovado
  • Um endereço de email comprovado
  • Uma biografia
  • Uma foto de perfil
  • Uma foto de cabeçalho (header)
  • Uma data de nascimento (para perfis que não sejam de empresas, marcas ou organizações)
  • Um site
  • Tweets que estejam abertos como públicos, para qualquer um ver

E daí vem a parte mais importante:

Nós vamos pedir que você conte para a gente por que quer ter sua conta verificada. Se a conte é de uma pessoa, queremos entender seu impacto no campo de atuação. Se representa uma empresa, conte qual é sua missão.

Quando for mandar links e URLs para apoiar seu pedido, escolha sites que mostrem o peso noticioso do dono da conta, ou sua relevância numa determinada área.

Ari Herstand expressou bem nossas esperanças quando, num artigo para a DMN, escreveu que “O Twitter só demorou 10 anos, mas abriu a verificação de contas para quem não é da elite.”

Mas eles se abriram mesmo? Eu me candidatei à verificação, afirmando no meu pedido que eu sou o editor de um blog que é lido por centenas de milhares de pessoas todos os meses, que eu sou um poeta com uma grande (e premiada) obra, e que sou um músico que já lançou álbuns. Eu recebi um e-mail de rejeição sem explicação nenhuma. Eu respondi perguntando qual o requisito que não havia cumprido. Delivery Status Notification (Seu email não pôde ser entregue). É claro.

Não, eu não sou uma estrela. Não, pode ser que eu não me qualifique como “figura pública”. Mas pelo menos eu posso garantir que eu sou EU! Que é o propósito da verificação, afinal, não? Que que eu te mostre meu RG?

Então eu saí perguntando para outras pessoas, que têm muito mais seguidores que eu, se eles tinham passado pelo mesmo processo de seleção. Eles tinham, e todos tinham recebido respostas negativas.

Então WTF? Você tem de ser famoso para ter a conta verificada? (Ou ter um amigo que trabalha lá, como diz o Ari no seu texto?) Se é assim mesmo, qual é o propósito de dizer que o processo é aberto? E por que não dar um nome diferente de “verificação” — algo do tipo “player VIP”?

E os homens normais?

É claro que uma parte de mim, orgulhosa e cheia de brio, está um pouco magoada por não ter conseguido entrar na patota dos verificados, mas há também o argumento de que se o crescimento do Twitter não tivesse ficado estagnado por tanto tempo, esse não deveria ser o tipo de coisa que eles precisam oferecer a qualquer pessoa que conseguir provar ser quem é, independente do seu número de seguidores, influência ou estatura profissional?

Sim, eu entendo que essa história de verificação nasceu para separar as pessoas famosas dos seus imitadores sem escrúpulos, e que não tem ninguém me imitando. Mas também se fala muito de como os usuários não verificados do Twitter podem ser maldosos (ou coisas piores). Um processo de verificação não barraria esses ataques de acontecerem (já que usuários verificados podem escolher por só receber mensagens de outros usuários verificados).

De qualquer forma, toda essa experiência não me deixou a sensação de que o Twitter é uma plataforma interessada em oferecer soluções para todas as pessoas ou empresas que ainda estão CONSTRUINDO uma marca (eu espero que o tempo mostre que estou errado). Mas Trumps e Kanyes são bem-vindos lá!

O que você acha?

Eu estou sendo sensível demais, ou o Twitter deveria dar alguma coisa para as pessoas “não de elite”, que acabam sendo a maioria dos usuários? Conte para mim nos comentários abaixo.