NFTs para músicos- o que é, como funciona e quais as vantagens

Por: Luiza Toschi

Tudo o que você precisa saber para entrar na indústria de NFTs

Você é um músico independente e ainda não sabe o que é um NFT, mas viu a indústria valorizar em 2021 e entrar em crise este ano – principalmente nos EUA -, mas não sabe por onde começar a utilizá-lo? Aqui no Brasil, segundo informações da Agência Brasil, Pabllo Vittar, Hermeto Pascoal e Elza Soares lucraram com venda de NFTs. Você está vendo o Spotify testar a inclusão de galerias de NFT nos perfis dos músicos e percebeu que está na hora de conhecer e aprender a fazer essas transações?

Neste artigo Chris Robley, autor da versão original deste texto, Gerente Sênior de Marketing de Conteúdo da CD Baby e artista, contextualiza os NFTs, fala de prós e contras e oferece um passo a passo para você entrar na moda da Web 3.0. 

No início de 2021, Robley publicou “5 razões pelas quais os NFTs não importam (ainda) para músicos independentes” em que apresentava suas preocupações sobre a chegada dos NFTs no mercado da música. Hoje, pouco mais de um ano após a publicação deste artigo de opinião, Chris entendeu que está na hora de admitir que aquele posicionamento não faz mais sentido.

Isso porque suas preocupações eram:

  1. Os NFTs não criariam demanda de procura e – principalmente compra – de produtos em torno de um músico independente. Se o NFT fosse feito com base na música, não seria vendido porque estaria – ou deveria estar – disponível em outras plataformas. Para ele era importante que esses artistas se concentrassem em difundir sua música e, no máximo, vender produtos como camisas e vinis;
  2. Para Robley, o problema dos músicos independentes é a capacidade de difusão de seus conteúdos. Como os NFTs trabalham com a dinâmica de exclusividade – por isso se baseiam na escassez “só eu tenho acesso a tal coisa, só eu vi tal clipe, apenas eu escuto tal canção” – seria um contrassenso um músico que está buscando ser conhecido por mais pessoas se utilizar de lançamentos exclusivos. Isso porque não é sustentável para um artista sem uma grande estrutura por trás produzir um conteúdo que não será visto por muitas pessoas com alta frequência – tal qual o sistema de NFTs exige.
  3. Ele observou que, neste momento inicial da inclusão das NFTs no mercado da música, o alvoroço das compras se dá movido pelo hype. Quem estava comprando precisava conhecer e entender o sistema e ter renda que permitisse a compra. Normalmente, esta pessoa buscava adquirir um bem relacionado a um grande artista. Os fãs médios de música – aqueles que conhecem e acompanham a carreira dos artistas independentes, não costumam se encaixar neste perfil. Então, em último caso, era possível afirmar que um artista independente, ao insistir nas NFTs, estivesse competindo diretamente com a Beyoncé.
  4. Chris Robley afirma que os fãs diretos dos artistas independentes não devem conhecer as criptomoedas e o sistema de compras. E que seria melhor que os músicos focassem, no tempo de relacionamento que tem com seus fãs, em aprofundar a relação – não em educá-los sobre uma tendência digital que até aquele momento não os interessaria.
  5. Para ele, os NFTs contribuem para a demanda de grandes artistas de criar exclusividade – o que não é um problema para os artistas médios ou independentes. Além disso, ele avaliou à época que mesmo o sistema das criptomoedas não garantia a solução de exclusividade como se faz no mundo analógico. Ou seja, ele imaginava que seria importante que o hype fosse testado para checar se realmente valia o investimento em aprender a tecnologia e a operação de compra e venda antes de se arriscar.

Na época, Chris Robley acreditava que os músicos independentes não deveriam se distrair com a narrativa da corrida do ouro a partir dos NFTs. Tempo e orçamentos limitados seriam mais bem gastos construindo audiências de maneiras mais comprovadas, com alcance mais amplo, zero tutoriais de criptografia e uma plataforma financeira familiar (PayPal, Venmo, Stripe, Sympla, dinheiro etc.) para artistas e fãs.

Um ano depois, o autor está disposto a mudar sua opinião sobre os NFTs.

Ele continua achando que suas cinco preocupações são válidas, mas hoje os vê como aspectos a serem considerados antes de lançar um projeto NFT; eles não devem, no entanto, impedir que você explore NFTs (ou outros conceitos da Web3, como tokens sociais) inteiramente.

Então vamos explorar.

O Guia do Músico para NFTs

Em suas previsões musicais para 2022, Chris Robley imaginou que as NFTs estariam em todos os lugares. Ele avalia que isso provou ser um eufemismo, visto que, desde comerciais do Super Bowl sobre criptomoedas até artistas gigantes que cunham seus próprios NFTs, passando por Justin Bieber, Paris Hilton e Madonna exibindo seus Bored Apes (coleção de NFT mais famosa do mundo), os NFTs são uma obsessão da mídia.

Mas, antes de explorarmos como os NFTs podem realmente ajudar a expandir sua carreira musical, vamos definir algumas terminologias e desmistificar alguns conceitos para os não cripto-nativos.

O que é um NFT?

“NFT” significa “token não fungível”, uma edição limitada ou um ativo criptográfico singular.

Ainda confuso?

“Fungível” é uma palavra pouco conhecida que significa algo que pode ser substituído por uma unidade idêntica e intercambiável. Uma nota de dólar vale o mesmo que qualquer outra nota de dólar, certo? Por isso, uma nota de dólar é fungível.

Se esse dólar for colocado em uma moldura atrás da caixa registradora de um café local ou for autografado por LeBron James, essa nota vira única, limitada, NÃO fungível. Ela não pode ser substituída por outra parecida.

Um NFT é uma unidade de dados parte de um blockchain, semelhante a uma criptomoeda fungível, como Ethereum (ETH) ou Bitcoin (BTC). Ele pode ser mantido, comprado ou vendido de maneira semelhante. No entanto, o aspecto não fungível do “token” é o que torna um NFT um item digital com verificação limitada.

Pense nisso como um recibo comercializável que consta em um livro-caixa público (qualquer um pode ver e conferir). Este recibo atesta que você é detentor de algo.

O que esse algo é pode diferir dependendo do NFT.

Um NFT pode significar:

  • Propriedade ou participação em algo
  • Associação a uma comunidade
  • Acesso a uma determinada obra
  • Apoio a um artista ou causa
  • Comprovante de participação em algum evento ou situação
  • E muito mais

Um NFT pode representar:

  • A escritura de sua casa
  • Seus registros de saúde
  • A comprovação de que você foi cliente de um restaurante 5 estrelas em sua noite de abertura
  • Uma espada que você ganhou no jogo World of Warcraft, mas quer usar no próximo Legend of Zelda
  • Sua foto de perfil ou avatar
  • Seu domínio na ENS (Ethereum Name Service)
  • Um passe ou ingresso para os bastidores de um evento
  • Entrada para um clube social fechado
  • Tópicos em seu futuro currículo de trabalho, mantidos em sua carteira de criptomoedas
  • E…

MÚSICA!

As possibilidades para NFTs relacionadas à música incluem:

  • Um single ou álbum
  • Arte do álbum
  • Letra da música
  • Conteúdo em vídeo
  • Associação à comunidade
  • E mais

A primeira coisa que as pessoas erram sobre NFTs de música

Existe uma tradição secular de pensar nas economias da música em termos de propriedade direta de itens tangíveis: partituras, discos de vinil, CDs. Até mesmo um download em seu disco rígido é SEU, de certa forma. Você controla esses itens.

Para seguir esta conversa, porém, é importante esclarecer que um NFT relacionado à música NÃO é o arquivo de música ou a imagem em si. WAVs, JPGs e assim por diante – eles não vivem diretamente em um blockchain. Eles geralmente vivem em seu próprio site, ou no Bandcamp, ou em um serviço de armazenamento adjacente a blockchain, como IPFS ou Arweave.

Portanto, um NFT é essencialmente um registro de transação que aponta para um trabalho ou projeto e diz algo sobre como essa arte é feita, compartilhada, controlada ou contextualizada. Diz algo sobre a relação entre o detentor do NFT e seu criador.

Esta é uma das coisas mais comumente incompreendidas sobre NFTs: você não está comprando a música. Você não está comprando o arquivo. Você está comprando um indicador.

Coçando a cabeça ainda? Vamos cavar mais fundo. Em breve fará mais sentido.

Um glossário de termos NFT

 

Airdrop

Muito parecido com a função airdrop no mundo iOS da Apple, onde você magicamente envia um arquivo a alguém, o airdrop no espaço criptográfico significa enviar um token para a carteira criptográfica de alguém. Muitos criadores de NFT lançam tokens adicionais aos clientes (outras NFTs, tokens sociais, etc.) como forma de agradecê-los por fazer parte da sua comunidade. O destinatário pode aceitar ou negar o presente.

Blockchain

Este é um banco de dados “imutável” para criptomoeda; um livro de transações digitais. A vantagem do Blockchain é que ele é extremamente seguro. Isso porque ele fica armazenado em vários computadores em todo o mundo e as transações são validadas por consenso – o que significa que é difícil para hackers quebrarem e roubarem a criptomoeda armazenada em um Blockchain. E lembre-se, NFTs são tokens não intercambiáveis ​​que vivem em um Blockchain.

Carteira

Um armazenamento digital para criptomoeda, NFTs e tokens. Ou talvez mais precisamente, uma maneira digital de acessar e transferir os tokens que você possui.

Criptomoeda

Muitas vezes abreviada para cripto, esta é a moeda trocada em blockchains – então também é o que você usaria para comprar um NFT. Existem muitos tipos de criptomoedas (BTC, ETH, AVAX, SOL, MATIC, etc.), assim como existem muitos tipos de moedas no mundo (dólares, euros, reais). Você pode até ter ouvido falar de algumas criptomoedas com nomes de cachorrinhos fofos… Assim como a moeda física, cada tipo de criptomoeda tem seu próprio valor que flutua diariamente. Ao contrário da moeda física, novas criptomoedas são criadas com muito mais frequência. Inclusive alguns artistas, gravadoras e cenas musicais estão criando suas próprias criptomoedas – o que é algo que discutiremos mais tarde.

Drop ou Lançamento 

Liberar um NFT. Isso é usado da mesma forma que é para um lançamento de música. Um artista “lançou” um novo single.

GAS ou Taxa de transação

A taxa incorrida para uma transação blockchain. Mesmo que uma transação de criptografia seja totalmente virtual, ela exige esforço computacional e energia do mundo real para processar, o que fez com que alguns levantassem preocupações ambientais. Há um debate ativo e cheio de sutilezas em torno desse tema e muitas blockchains estão desenvolvendo mecanismos de consenso que limitam o gasto de energia.

Genesis drop

O primeiro NFT que você lançou, sua entrada no espaço NFT.

Marketplace

A plataforma digital onde as pessoas compram e vendem NFTs (OpenSea, Catalog, Mirror, etc.).

Mercado secundário

Se alguém não quiser mais manter sua NFT, pode revendê-la. Um dos recursos mais legais dos NFTs, porém, é que você pode definir uma porcentagem de todas as transações futuras que serão pagas ao criador original – em perpetuidade. Isso significa que a receita que você ganha sempre que a NFT negocia as mãos pode aumentar à medida que sua carreira e estatura crescem como artista. Esta também é uma oportunidade de receita que não existia no mundo da mídia física da música. Quando um de seus álbuns é despejado na loja de discos local e vendido na caixa de CDs usados, você fica fora de ambas as transações. Não é assim com NFTs.

Mint

Ação de gerar um token de NFT em um blockchain para que possa ser disponibilizado para compra. Pense nisso como imprimir uma camisa ou fazer um CD.

One-of-One ou Um-de-um

Ao criar um NFT, você também define sua escassez. Um NFT que é um-de-um é totalmente único: existe apenas um! Da mesma forma, um em cinco ou um em 100 são indicadores da raridade de um NFT. A escassez pode influenciar a demanda, mas não a garante. Supondo que haja demanda, uma oferta menor significa que não há tantos para os investidores comprarem; por isso o preço sobe.

Preço mínimo

O NFT mais barato na coleção de um criador. É a menor quantia de dinheiro que alguém teria que gastar para começar a colecionar objetos do projeto desse criador. Pense nisso como produtos que você vende na sua lojinha. Um adesivo ou broche é muito mais barato do que uma camisa. Portanto, se alguém quiser comprar alguns produtos de você, mas não tiver muito dinheiro, começará por aí. O mesmo acontece com NFTs. Um comprador em potencial que ainda não quer investir muito começará sua coleção comprando pelo preço mínimo.

Utilidade

Refere-se ao valor baseado no uso que uma NFT tem além de meramente possuir o token. Alguns NFTs desbloqueiam benefícios para seus titulares, como acesso a um clube exclusivo. Músicos podem usar NFTs para oferecer a seus proprietários acesso aos bastidores de shows ou produtos exclusivos disponíveis apenas para quem comprou o NFT.

O que é Web 3.0?

Esta palavra da moda aponta para a próxima evolução possível da Internet. As principais diferenças entre os formatos de internet estão no nível de interatividade.

A Web 1.0 viu pessoas tecnicamente proficientes publicando conteúdo estático na web, enquanto o resto de nós, meros mortais, o encontraria e leria. Não havia interação ou novidade a cada visita ao site.

Web 2.0 é a fase de uso da internet em que qualquer um pode se tornar um criador de conteúdo com relativa facilidade, postando comentários, compartilhando fotos  e publicando vídeos. Isso se deu graças a plataformas que simplificaram todo o processo para usuários médios (abstraindo as camadas técnicas). Em troca, permitimos que eles possuíssem todo o nosso conteúdo e dados associados. Você sabe o resto da história.

Mas vamos filosofar sobre o futuro…

A promessa da Web 3.0 – uma web descentralizada e “sem necessidade de permissão” baseada na tecnologia blockchain – é que você pode capturar diretamente o valor do conteúdo que você cria.

Você define o preço pedido por sua arte. Não com base em pressões do mercado (“ouvir minha música só vale frações de centavo porque 60 mil outras músicas foram lançadas hoje e Drake e Billie Eillish têm bilhões de fãs”), mas com base sobre como você incentivou sua própria economia. Você tem 1000 fãs? 100 deles pagarão 0,05 ETH por um NFT? Então você não precisa se importar com quantas outras músicas saíram hoje. NFTs e Web 3.0 potencialmente oferecem uma maneira de dissociar seu “valor” das forças de um mercado global de música. 

Chris Robley afirma que espera que a Web 3.0 ajude os músicos independentes a abraçarem seu potencial como indústrias caseiras.

A outra promessa do Web 3.0? Não há censura. Dependendo do ponto de vista (e talvez da origem), isso poder ser bom ou ruim. A mesma tecnologia que protege alguém ou algum conteúdo nocivo de ser removido da plataforma, também ajuda pessoas que estão tentando resistir ou escapar da opressão autoritária. O que isso tem a ver com NFTs de música? Bem, tudo faz parte da mesma revolução, então é importante que se saiba. Especialmente porque, se você não pode ser censurado…

Você controla seu relacionamento com os fãs diretamente. Um dos objetivos da Web 3.0 é transferir o poder das grandes empresas e países para indivíduos e comunidades. Se você não quer mais jogar pelas regras de uma plataforma específica, você tem uma conexão direta com seus fãs por meio de NFTs e tokens em suas carteiras.

Pule do navio, vá para outro lugar ou construa seu próprio local de encontro. Crie uma bifurcação, uma nova solução. Você ainda pode alcançar seus fãs e pedir que continuem a jornada de novas maneiras.

É importante lembrar que uma web descentralizada é uma tecnologia tanto quanto uma ideologia. Já vi libertários fervorosos e socialistas ávidos, ambos adotando a Web 3.0 como uma ferramenta para seus objetivos. Como você vai usá-lo?

10 benefícios dos NFTs

Aqui estão algumas das coisas que Chris Robley elenca como interessantes sobre NFTs:

  1. Eles são “imutáveis”. Ou seja, são para sempre. Isso não é legal? NFTs (potencialmente) oferecem uma solução para a impermanência da plataforma.
  2. Seu valor é definido por VOCÊ. Bem, tipo isso. Você define os termos iniciais, mas o preço é testado em relação à disposição de pagar do seu público. Isso muda seu objetivo de direcionar um volume de engajamento casual para o poder de sua comunidade.
  3. Menos é mais. Se você puder se concentrar em sua comunidade em vez de gerar métricas de vaidade que nunca competirão com grandes artistas, você também poderá obter alguns benefícios para a saúde mental.
  4. Compartilhe royalties fracionados. Este é complicado, porque vender os direitos do seu trabalho com a promessa de ganhos futuros coloca você em território regulatório, mas ainda assim, um caso de uso legal da mesma forma.
  5. Colecionáveis ​​digitais. Finalmente encontramos uma maneira de introduzir propriedade e escassez em um mundo de mídia infinitamente copiada. A melhor coisa sobre NFTs é que escassez e abundância (da mesma obra de arte) podem existir ao mesmo tempo!
  6. Receita de revenda. Ganhe um valor toda vez que sua NFT mudar de mãos.
  7. Divisões de pagamento em criptografia. A natureza de “contrato inteligente” dos NFTs (essencialmente dinheiro programável) significa que você também tem uma maneira fascinante de controlar direitos e gerenciar a contabilidade de maneira rápida e eficiente.
  8. Direito de se gabar. Plataformas como o Twitter (e possivelmente o Instagram algum dia) permitem que você exiba suas NFTs baseadas em imagens como fotos de perfil. Isso mostra que você faz parte de um clube ou comunidade em particular, da mesma forma que usar uma camiseta do Sex Pistols diz que você provavelmente precisa de um banho.
  9. Utilidade extra. Quer acessar o servidor privado de uma banda ou entrar nos bastidores? Ter o NFT de seu último álbum pode ser o que desbloqueia essa experiência.
  10. Eles são divertidos. Sim, a criptomoeda é difícil de ser adotada. Sua curva de aprendizado é muito íngreme! Mas, uma vez que você passa pelos primeiros obstáculos, há muitas coisas interessantes acontecendo na Web 3.0. Os NFTs podem ser um componente inspirador dessa jornada.

O artista RAC fez um discurso fantástico no Twitter sobre por que os NFTs foram tão valiosos para sua arte e carreira. Em vez de tentar resumir, vamos incorporá-lo aqui.  (obs: discussão em inglês)

10 problemas com NFTs

Ok, agora que cobrimos a possível vantagem dos NFTs, vamos lembrar as desvantagens:

  1. NFTs não inventam a demanda. Só porque meu vizinho faz uma gravação de voz única de seu cachorro latindo às 2 da manhã, não significa que eu queira comprá-la. Outra maneira de dizer isso é: escassez não é o seu problema, ser desconhecido é. Seu tempo pode ser melhor gasto encontrando fãs.
  2. Você terá que trabalhar duro. Esse é um mundo ferozmente competitivo e exige muita dedicação para despertar interesse em seus projetos NFT. Você deve se esforçar em outros lugares, sim, mas as NFTs adicionam um trabalho totalmente novo à mistura.
  3. Seus fãs precisarão de muita ajuda. Muitos deles provavelmente NÃO são nativos da Web 3.0, o que demanda muito trabalho para integrá-los mas, principalmente, criar confiança e despertar as habilidades necessárias para navegar nessa nova realidade.
  4. Cripto é CONFUSO! Não é como convidar alguém para participar de uma nova rede social clicando em alguns botões de maneira intuitiva.
  5. A criptografia é volátil. Mesmo com a economia atual enfrentando uma inflação louca, moedas como o Dólar americano ou o Real não vivem as oscilações selvagens que o Bitcoin vive hora a hora.
  6. Você precisará saber contar uma boa história. Para os não iniciados, é difícil ver como um NFT é diferente de crowdfunding e merchandising IRL. Provavelmente será mais fácil pedir pagamentos por PayPal ou Patreon. Em todo caso, você precisará se esforçar para explicar a história da arte no formato NFT de uma forma cativante. Boa sorte.
  7. Propriedade fracionária de royalties. Existe a possibilidade de NFTs causarem problemas de valores mobiliários. Não sei você, mas eu não comecei a escrever músicas para poder crescer e violar as regras de segurança de investimentos.
  8. Preocupações ambientais. Novamente, este é um debate com nuances, mas, no mínimo, você precisará ajudar seu público a superar esta preocupação para ter sucesso com NFTs – o que significa menos tempo dedicado à sua arte.
  9. Hackeamento. Os golpes são abundantes, os tubarões estão à espreita. É possível que drenem sua carteira, por exemplo. Existe um lado negativo.
  10. Seu sucesso pode depender do seu gênero. Neste momento específico do desenvolvimento da tecnologia, a cena é tomada por gêneros de música eletrônica: EDM, lounge, hip-hop, pop, etc. O que faz sentido: música avançada em tecnologia se encaixa com a cultura criptográfica. Dessa maneira, não é possível dizer que a Web 3.0 seja um terreno comprovado para folk, jazz, música clássica, etc.

Devo criar um NFT para minha música?

Antes de discutirmos COMO criar um NFT para sua música, há uma grande pergunta que você precisa fazer a si mesmo: você deve criar um NFT? Aqui estão algumas coisas a serem consideradas primeiro para ver se este é o movimento certo nesta fase da sua carreira musical:

O que você tem para oferecer?

É um novo single ou álbum? Ou uma improvisação sintetizada? Talvez acesso a um vídeo making-of do seu próximo álbum? São passes para os bastidores de qualquer show pelo resto da eternidade? Pense no que você pode oferecer e se funciona em um espaço digital.

Existe um gancho que faria as pessoas quererem comprar seu NFT?

A música ou o vídeo tem uma história por trás que atrairia alguém a comprá-lo como um NFT? Apesar do que afirmam algumas lojas digitais que se autodenominam Marketplaces NFT, um NFT é diferente de um simples download, por isso deve ser tratado de forma diferente – valorizando seu aspecto exclusivista.

Seu NFT é empolgante o suficiente para que os fãs superem os obstáculos das criptomoedas?

Eles precisarão de uma carteira criptográfica, criptomoeda e saber operá-las. Isso pode ser um obstáculo íngreme para alguns. O que você tem a oferecer como NFT inspira o suficiente para compensar o desafio?

Você está pronto para gastar muito tempo educando seu público sobre NFTs?

Lidar com preocupações ambientais; todo o longo processo de criação de uma carteira; criar confiança na Web 3.0… Pode ser que você precise esmiuçar tudo sobre o que falamos nesse artigo para que seu público se mobilize para comprar suas NFTs. Esse esforço é realista para você? Será que vai valer a pena?

Você pode garantir a “permanência” do NFT?

NFTs de arte e música geralmente apontam para um arquivo ou página da Web, como um link exclusivo para um videoclipe que apenas os proprietários dessa NFT podem acessar. No caso de linkar para o seu site, pode ser que você pare de pagar taxas de hospedagem e, de repente, o NFT estará conectado a uma página de erro ou anúncios. Você precisará estudar como armazenar o conteúdo em algo como IPFS ou Airweave para fornecer alguma segurança para quem compra sua NFT de que o material referenciado não será alterado.

Este NFT é único ou faz parte de uma coleção?

No caso de uma música, a faixa faz parte de uma coleção (como um álbum) ou apenas um lançamento independente da NFT? Uma coleção pode atrair compradores recorrentes que podem comprar cada música que você lançar para completar o conjunto. Criar uma coleção inteira em algo como o OpenSea também pode economizar dinheiro em taxas de transações.

O conteúdo é exclusivo para detentores de NFT ou será amplamente disponível?

A escolha é sua e não há resposta correta. NFTs apresentam opções para seus fãs: eles podem coletar o NFT raro, podem transmitir a música gratuitamente no Spotify, ou ambos! Mas às vezes você pode querer lançar uma música SOMENTE como um NFT. Tudo bem também, isso ajudará a criar um senso extra de urgência em torno do lançamento.

Como diz Vladislav Ginzburg, “os princípios tradicionais que governam o valor dos colecionáveis ​​ainda se aplicam – qualidade, autoria, singularidade, escassez, proveniência e relevância cultural”.

Como criar e vender um NFT?

Aqui estão as principais coisas que você precisa fazer para lançar um NFT:

1. Crie um ótimo conteúdo com base em um ótimo conceito

Parece óbvio? Ótimo, vamos supor que você tenha feito isso. 

2. Obtenha uma “carteira”

Esta é a ferramenta online que você usará para acessar suas criptomoedas, NFTs, etc.

Uma “carteira” é um local digital para armazenar sua criptomoeda enquanto também armazena dados privados usados ​​para validar transações. Algumas carteiras são usadas para moedas específicas, como Bitcoin, enquanto outras permitem várias criptomoedas.

MetaMask Tutorial for Beginners – How to Set Up MetaMask

Com algo como MetaMask (disponível em dispositivos móveis e como extensão do Chrome), você tem uma maneira segura de acessar aplicativos baseados em Blockchain. Mais especificamente, é assim que você será pago por suas vendas de NFT!

Apenas certifique-se de fazer sua pesquisa sobre qual carteira é melhor para você. Tenha certeza de baixá-la da fonte oficial correta – existem alguns golpes que induzem as pessoas a passar por um fluxo de inscrição fraudulento.

3. Obtenha alguma criptomoeda

Você precisará de algumas para cobrir as taxas de transações necessárias para cunhar seu NFT. O tipo de criptografia que você precisa depende do blockchain que você escolher para iniciar sua NFT. Falando nisso…

4. Selecione um blockchain

Sim, existem algumas NFTs cross-chain ou omni-chain que podem ser adquiridas e transferidas em várias blockchains, mas a maioria das NFTs vive em UMA blockchain. Pesquise. Considere as taxas de transação, facilidade de uso e encontre o que é melhor para você e seu público. Você também vai querer…

5. Escolha um mercado NFT

Você precisará escolher onde listar sua NFT. Assim como a criptomoeda, existem muitas opções, então pesquise. Os marketplaces geralmente são afiliados a blockchains específicos, portanto, verifique se o que você escolhe é o melhor para você.

6. Defina a quantidade/raridade do seu NFT

Você deve escolher quantos desse NFT específico deseja disponibilizar. Lembre-se que quanto mais limitado, mais desejado. Depois de definir a quantidade…

7. Liste o preço de compra

Se suas NFTs não forem vendidas pelo preço pedido em uma plataforma como a Open Sea, alguém pode fazer uma oferta por um preço mais baixo. Cabe a você dizer sim ou não. Você também pode optar por fazer vendas em leilões em que os clientes devem superar os lances uns dos outros.

Você também deve saber que o custo para “cunhar” esses tokens é pago (por você) em criptografia quando o NFT realmente vende.

8. Promova seus NFTs

Não espere que um monte de pessoas ricas em criptomoedas apareça só porque você usou uma hashtag de NFTs no Twitter. Você vai ter que fazer trabalho braçal, a fama das suas NFTs não virá de mão beijada. Diga ao seu público por que este projeto é importante para você, deixe-os empolgados e ensine-os a comprar seu NFT.

Recursos NFT adicionais para músicos

Este artigo tem o objetivo de fornecer uma compreensão básica sobre o mercado NFTs para músicos.

Se você estiver curioso para explorar mais, encorajamos que você procure se informar e aprender mais antes de se lançar neste ramo. Caso você se sinta confortável com conteúdos em inglês, participe de discussões das comunidades do Twitter Spaces, Discord ou Reddit. Leia os conselhos de artistas como Black Dave e Vérité. Assista ou ouça o episódio DIY Musician Podcast. Confira também o $Stream Report da Water & Music, um currículo completo para músicos interessados em tecnologia Web 3.0, cultura e muito mais.

Pode ser que, depois de tudo isso, você decida que é mais fácil (e potencialmente mais lucrativo) apenas oferecer aos seus fãs um vinil autografado na vida real. E está tudo certo. Ainda estamos MUITO longe de um mundo onde os fãs esperam que você venda NFTs. A decisão ainda é sua.


Sobre a autora: Luiza Toschi

Sou jornalista formada pela UFRJ e pela Université Paris VIII e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUCRS. Meu interesse sobre a qualidade da comunicação e das conversas me tornou facilitadora de processos dialógicos e mediadora de conflitos com base na Comunicação Não-Violenta. Essas experiências deram mais precisão e brilho à minha real paixão: o texto e a pesquisa de temas diversos. Gosto mesmo é de conversar sobre qualquer coisa e poder escrever sobre o que descobri.