… que você tenha resolvido essas cinco coisas.
Não, não estou falando de ter gravado um disco. Nem de ter saído numa matéria. Nem de um plano de marketing. Nem de ter uma logo. Nem de ter conquistado milhares de seguidores nas redes sociais.
Eu estou falando de outra coisa.
Neste momento eu estou na Folk Alliance International, uma conferência de músicos em Montréal em que milhares de artistas se encontram para falar do seu som. Uma coisa fica clara nesse tipo de evento: é fácil fazer alguém desperdiçar seu tempo — e depois que você desperdiçar o tempo de uma pessoa, essa porta vai se fechar para você.
Isso vale tanto para a situação de você tentar pedir uma ajuda para alguém do mercado fonográfico quanto para quando o barbeiro pergunta “Ah, mas que tipo de som você faz?”
Seu barbeiro pode acabar indo ao seu show, ou tocando sua música em uma plataforma de streaming. Ou até te indicar para o primo dele, que escolhe as bandas que vão tocar num festival legal. Mas nada disso vai acontecer se você desperdiçar o tempo dele.
Falar sobre sua música pode acabar sendo uma perda de tempo, se você não tiver:
1. Uma descrição única da sua música
Você não gagueja quando alguém pergunta o seu nome, gagueja? Se sua música é um dos aspectos mais importantes da sua vida, você tem que ser capaz de descrevê-la com segurança e concisão. Do mesmo jeito que você fala seu nome. E, quanto mais intrigante for a descrição, melhor.
Saiba bem quem você é! Se não souber, as pessoas vão presumir o pior.
2. As orelhas abertas para ouvir
Ninguém gosta de falar com uma diva. E, mesmo assim, tem gente que chega para falar com os outros nas conferências como se estivessem fazendo um favor, e não o contrário. Eles falam, e falam, e falam e falam. Eles transformam a sala numa torta de climão. Você tenta encontrar as saídas de emergência, mas a pessoa está sugando todo oxigênio da sala.
Eu nunca li o livro., mas sei que em “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, eles ensinam que a pessoa mais interessante de uma festa pode ser a que não fala nada sobre si mesma. Mas que está lá ouvindo e fazendo as perguntas certas.
Abra os ouvidos. Não espere o próximo silêncio para sair falando sobre como você é incrível. O que nos leva a…
3. Uma pergunta boa
Conversas são pingue-pongue de informação. Isso significa que você vai precisar fazer a OUTRA PESSOA se abrir. Se você estiver preparado para ter uma conversa — por exemplo, se quiser debater um festival, ou um empresário ou uma gravadora — esteja pronto para fazer as melhores perguntas sobre o assunto.
É uma coisa estranha, mas PERGUNTAR COISAS demonstra que você é confiante.
Se a conversa for mais espontânea, é bom ficar com os ouvidos abertos. As perguntas certas aparecerão..
4. Uma ambição clara
Declarar qual é sua meta pode ser bem útil na hora de conversar com uma pessoa. Assim a pessoa pode saber de cara se, e como, vai poder te ajudar.
Teve uma vez que saí para beber com uma empresária. Eu queria que ela empresariasse minha banda. Mas eu não sabia se ela fazia ideia disso. Em um dado momento da conversa ela me perguntou o que eu queria fazer nos próximos seis meses. Eu titubeei. Uma turnê nacional? Começar a gravar meu próximo disco? Ser tocado no rádio? Hmm….
A gente teve um bom papo e mantivemos contato, mas ela não virou a empresária da minha banda.
5. Criando uma couraça
Amigos bons podem fazer músicas ruins. Pessoas com as quais você jamais ia querer trabalhar podem fazer músicas péssimas. E isso é só o começo da história. Fazer “networking”, criar relacionamentos e cobrar favores dos amigos do mercado fonográfico — tem bastante coisa esquisita nesse mercado.
Quando o assunto É SUA MÚSICA, muita gente não vai ligar para ela. Ou até coisa pior. O que não quer dizer que sua música seja ruim. Os Beatles foram recusados por um número grande de gravadoras até ouvirem um SIM.
Siga em frente. Continue fazendo perguntas. Continue dando oi. Continue fazendo amigos.
Não fique quieto. Fique preparado.
É claro que eu quero ouvir sobre sua música, por mais que você não tenha resolvido as cinco pendências que a gente apontou. Não é o desejo de ninguém que você fique mudo sobre seu som (que diabos, EU AINDA suo frio quando alguém me pede para descrever minha música.) O objetivo aqui era te incentivar a se preparar — para transformar toda conversa sobre sua música em uma oportunidade. E espero que, a cada fracasso, a gente melhore um pouquinho.