Leon Manssur é a cabeça pensante à frente da banda de heavy metal Apokalyptic Raids. O grupo, fundado em 1998, reflete toda a experiência que o guitarrista e vocalista adquiriu na cena musical, atuando desde 1985.

Ele já lançou as suas músicas do Apokalyptic Raids em diversos formatos e em diferentes países e, hoje, utiliza os serviços do CD Baby para distribuir as suas músicas. Aproveitamos e conversamos com Leon sobre a sua experiência e o mercado musical atual.

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Muita coisa mudou no mercado fonográfico desde que você começou. O que mais mudou para bandas independentes?
Há tempos, se dizia que a internet tinha chegado e que agora todo mundo estava livre das grandes gravadoras, do conteúdo imposto pelos “esquemões”. Isto era só uma parte da verdade. Ser independente é difícil.

Sem polemizar: as gravadoras tinham uma função de “peneirar”, bem ou mal, o que se produzia. Hoje, todo mundo pode gravar suas músicas e botar na internet, para ninguém ouvir… Onde todos falam, ninguém ouve. Sempre precisamos de filtros, de formadores de opinião, de informação sobre a música que nos interessa. Existem bandas independentes que, simplesmente, não valem a pena, muitas. E existem alguns artistas que são verdadeiras joias raras. E tanto uns como outros muitas vezes estão perdidos, não sabem como administrar uma “carreira”, porque isso nunca foi função do artista.

A maneira de se administrar, o que delegar a terceiros e o que fazer por conta própria, tudo está se redesenhando neste exato momento. Mudou tudo, e nem dá para dizer para onde está indo exatamente.

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Qual é o segredo para conseguir manter uma banda tanto tempo na estrada?
É estar um passo à frente. Farejar esses movimentos e fazer antes. Na época em que todo mundo lançava cassete, arrumei um gravador de CD-R e fiz nossa demo neste formato. O CD-R se tornou comum, comecei a lançar CDs. Todo mundo lançou CD, lanço LP. E vendo MP3 no iTunes. E o velho cassete também tem fãs, então, licenciamos para um selo de cassete. Todo mundo faz uma camiseta em silk screen, eu já faço em plastisol. Tem que estudar, tem que correr atrás, achar fornecedores. E veja que nada disto que eu citei tem a ver com a música em si. Ou seja, é se desdobrar mesmo. E nunca assinar maus contratos. Aqueles que falam os seus deveres e os direitos deles, que te engessam por muito tempo, sem dar muito em troca. E claro, tem que ter conteúdo. A música tem que ser interessante antes de tudo. E hoje a competição é grande. Música boa não quer dizer grande complexidade, ou produção mirabolante. Muitas vezes, menos é mais.

O Apokalyptic Raids já lançou suas músicas em diversos formatos. Qual é a melhor maneira de incentivar os fãs a consumirem as suas músicas?
Fora a qualidade e uma dose de pioneirismo, que eu já citei, você tem que ir até as pessoas. Seja em shows, LPs, CDs ou camisetas, existe uma multiplicidade de maneiras das pessoas demonstrarem que apoiam a sua mensagem. Então, esteja pronto para dar o que elas querem, na hora e no local que elas querem. Eu, por exemplo, mandei fazer uns adesivos da banda e também uns patches, e sempre tenho algum deles no meu bolso. Não são vendidos. Toda vez que alguém vem falar comigo sobre a banda, eu ofereço um desses. Eu, como fã, adoraria ter algo de uma banda que eu curto que me fosse dado pela própria, por maior ou menor que fosse a banda. Arte é emoção, a emoção passa a mensagem, então acho que viver a emoção junto com o fã, ser verdadeiro no que você faz, é a chave.

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Você poderia dar dicas para artistas independentes organizarem um show?
Eu penso em shows como uma “escadinha”: tem que ter uma banda iniciante boa, uma banda mais experiente no meio e um “headliner”, uma banda bem atrativa fechando a noite. Tentem sempre manter essa estrutura, uma puxa a outra, e todos ganham.

No palco, o show não pode ser parado, tem que dar espetáculo. Olho no olho. Por mais complexa que possa ser a sua música, tem que se comunicar com a plateia. Não vou nem falar em equipamento de qualidade, pois hoje, o acesso é fácil. E tudo isso com uma visão de negócios adequada. Um bom local, equilíbrio de finanças, merchandising à venda, o máximo de contato com o público que o show permita. Pagar para tocar é insustentável.

Qual a importância de um serviço como o do CD Baby para uma banda independente?
Se você olhar de novo, nessa história toda que eu contei acima, você precisa de pessoas e ferramentas para trabalhar sério em todas essas frentes. Eu comecei a trabalhar com o CD Baby há alguns anos, quando as pessoas ainda não pensavam muito nessa linha. Qual não foi minha satisfação quando o iTunes chegou no Brasil, e nele estava o nosso trabalho? Com frequência, impressiono as pessoas mostrando que também estamos “no mapa” e vejo que essa relação “pioneira” é recíproca da parte do CD Baby. Agora mesmo, você está me entrevistando, e isso tem um por quê, certo? Nenhuma ferramenta sozinha resolve. Claro que, de olho nisso, muitas empresas oferecem pacotes também com hospedagem de site etc. Tem que usar, tem que experimentar, tem que fazer, tem que tocar.

Acompanhe o Apokalyptic Raids no site oficial da banda www.apokalypticraids.com.