Lançamento que gera receita (de verdade)? É possível: O que eu Fiz - e que também pode funcionar para você

O que eu Fiz – e que também pode funcionar para você

Vejo muitos artistas reclamando que streaming paga pouco ou que é impossível ser ouvido nas plataformas de streaming se você não for conhecido ou se não faz grandes investimentos em marketing. Vou contar aqui, em primeira pessoa, um projeto que lancei recentemente sem nada disso e, até agora, pagou as contas. Isso lançando um artista do zero, sem investimentos e pouquíssima divulgação – até porque queria colocar essas teorias à prova.

Isso funcionou para esse projeto e, talvez, possa funcionar para o seu também. Como sempre digo: não existe fórmula mágica.

No início da pandemia, sem poder ensaiar, gravar em estúdio ou fazer shows com minhas bandas, comprei uma interface de áudio para fazer gravações caseiras. A ideia inicial era registrar ideias de músicas novas com um pouco mais de qualidade e também abrir outros canais (outra guitarra, baixo, voz, etc)  – que era o que eu conseguia com o gravador do celular. Na mesma época, também comecei a fazer exercícios em casa com aulas online. E, numa dessas aulas, conheci o Tabata. Para quem não conhece, Tabata é um protocolo em que intervalos de 20 segundos de exercícios intensos são alternados com pausas de 10 segundos, mas também são usadas outras combinações de intervalos.

Uma coisa que sempre me incomodou nesse meio fitness é onipresença da música eletrônica, um gênero que, particularmente, não me agrada. Juntando as duas coisas, tive a ideia de criar músicas para Tabata para o público rocker – principalmente punk rocker, a minha área.

Como o projeto foi criado e gravado

Criei a primeira música, tocando todos os instrumentos. Depois disso, passei para o engenheiro que costuma fazer a mixagem e masterização das minhas gravações. Em julho de 2020, lancei o primeiro single do meu projeto Punk Rock Workout. A escolha do nome foi bem objetiva: “O que alguém que gosta de punk rock e faz exercícios vai buscar? Punk Rock Workout!” Escolhi palavras-chaves que seriam buscadas por quem poderia buscar exatamente esse tipo de música – e funciona tanto no Brasil quanto em inglês e outros idiomas.

Com o projeto oficialmente lançado, comecei a pensar no futuro. “Vou lançar EPs de 5 faixas com diferentes andamentos (BPMs), mas com os mesmos intervalos – 20 por 10 segundos, 30 por 10, 40 por 20, etc)”. Lembrei também da estratégia usada pelo Kiko Loureiro de lançar todas as músicas do álbum como singles, mesmo com o trabalho completo já no ar.

O nome

Assim como no nome do artista, optei por nomes genéricos, que seriam muito buscados, para as faixas, que são inspirados em grandes clássicos do punk rock. Me inspirei em “California Uber Alles” dos Dead Kennedys para criar “Tabata Uber Alles”, em “Rock The Casbah” do The Clash para “Rock the Tabata”. Todos os nomes de faixa incluem Tabata (palavra-chave para quem busca músicas para exercícios) e alguma coisa que remete a um punk rock conhecido. Além, claro, do nome Punk Rock Workout.

A tática

Também envio um smartlink do artista para algumas pessoas-chave sempre que fazia um novo lançamento. Mandei para amigos fitness, fisioterapeutas e educadores físicos, que poderiam usar as músicas que criei em seus treinos, e também ajudam na divulgação boca-a-boca.

Sempre quando lanço uma faixa nova, também faço o pitch pelo Spotify for Artists e Amazon Music for Artists. Aqui é importante ressaltar que esse pitch não é buscar entrada em playlists editoriais dessas plataformas, mas notificar os seguidores e entrar em playlists algorítmicas, como a Radar de Novidades do Spotify.

Resumindo…

De lá para cá, 3 EPs, uma coletânea e todas as músicas como singles. O que poderia ser um álbum de 15 faixas (ou os 3 EPs de 5 faixas cada), viraram 22 lançamentos semanais – até agora. Isso faz o algoritmo trabalhar a meu favor. Hoje, tenho 61 seguidores (não confundir com ouvintes mensais) no Spotify, que recebem notificações sempre que lanço músicas novas. Inclusive em países como Alemanha, Estados Unidos e Itália, onde mais se consome as músicas desse projeto – inclusive, os plays nesses países pagam mais do que plays no Brasil.

Pode não ser muito para você, mas com o esse projeto já me rendeu nos streamings, paguei por todas as mixagens e masterizações que fiz e já começo a ver lucros. E, como sempre se fala, no streaming, seu catálogo vai render para sempre.