
Há quanto tempo você ouve falar em inteligência artificial, e sobre como ela vai transformar a vida das pessoas? Pois bem, esse assunto deixou de ser só um papo futurista.
A inteligência artificial (IA) já é realidade e está revolucionando o mercado da tecnologia. Seja no marketing, no comércio online, no mundo jurídico, financeiro, várias empresas já têm adotados robôs e máquinas inteligentes para simplificar processos e enxugar custos.
Você deve conhecer ou ter ouvido falar na Siri, a assistente virtual da Apple, que “conversa” com você e executa várias tarefas. A Amazon também está desenvolvendo a Alexa, assistente inteligente que funcionará por meio de um hardware e responderá a comandos de voz. A IBM lançou o Watson, uma solução de IA que permite que você crie seus próprios programas da forma que quiser.
Enfim, a previsão é que todos os setores, sem exceção, sejam impactados pela IA.
Será que isso inclui a música?
Primeiramente: o que é mesmo inteligência artificial?
Inteligência artificial não é somente a tecnologia da forma como a conhecemos. É a programação de máquinas e softwares para que eles aprendam, percebam coisas, conectem conhecimentos para chegar a conclusões.
Com base nisso, um robô ou computador pode ser capaz de realizar operações mais complexas, como planejar, calcular riscos e tomar decisões – coisas que às vezes nem a gente consegue fazer, hehehehe…
Mas quão artificial é essa inteligência?
Será que um robô é capaz de fazer música?
Quando nos questionamos isso, não estamos falando só de tocar instrumentos. Afinal, já existem softwares, apps e DAWs que praticamente podem tocar músicas inteiras se dados os comandos corretos.
Mas e a parte criativa?
Compor exige criatividade e inspiração, entre outras coisas. Pode existir “criatividade artificial”? Será que a IA pode conseguir essa façanha?
Pois bem… Digamos que ela já conseguiu.
Caso você não tenha visto, em dezembro de 2017 foi apresentada ao mundo a música “Hello shadow”, produzida pelo Skygge.
Skygge que nada mais é do que um “grupo” formado pelo francês Benoit Carré e um programa de inteligência artificial desenvolvido pela Sony, o Flow-Machines. Os vocais são da cantora canadense Kiesza (do hit “Hideaway”, de 2014), mas pasmem: “Hello shadow” foi totalmente composta com inteligência artificial.
Dê uma conferida e seja sincero: se eu não tivesse te falado, você diria que essa música não foi criada por um humano?
Além de “Hello shadow”, Skygge também compôs outras músicas, como “In the house of poetry”. Em fevereiro de 2018, saiu o clipe de “Magic man”:
Mesmo assim, é realmente impressionante que tenha sido composta com inteligência artificial.
Tá assustado? Ouve mais essa:
As letras e os vocais são de seres humanos, mas o arranjo foi criado por inteligência artificial, assim como toda a produção e a performance dos instrumentos.
Os cientistas da Sony programaram a IA para compor algo “ao estilo dos Beatles”. Creio que podemos dizer que o objetivo foi alcançado, você não acha?
É, amigo, pode ir se preparando para um mundo em que robôs aparecem em listas de paradas musicais e créditos de álbuns. Tudo isso é só a ponta do iceberg de um fenômeno que já está sendo desenvolvido há um bom tempo e ainda vai fazer muita coisa surpreendente no futuro.
Desafios da IA na música
Nem tudo são flores: a IA vai trazer muitos desafios, como no ramo dos direitos autorais, por exemplo. A nós que fazemos música, creio que a maior dúvida é: a inteligência artificial pode competir com música feita por humanos?
A resposta depende muito do que você considera como “competir” – ou se sequer é caso de se pensar em competição.
Ed Newton-Rex, diretor de operações da Jukedeck, empresa britânica de música e IA, levanta um questionamento interessante: ele diz que músicas feitas por IA não precisam ser melhores que músicas feita por uma Adele ou um Ed Sheeran da vida, não é isso que a indústria quer. “E o que isso significaria?”, ele se pergunta. “Música é muito subjetivo. É meio que uma falsa competição: não existe consenso sobre quão ‘boa’ uma música pode ser.”
Esse questionamento faz todo o sentido.
A qualidade de uma música, ou a sua capacidade de encantar pessoas, não é algo mensurável ou sujeito a definições e classificações.
Por mais avançada que seja uma solução de IA, não há como ter nenhuma certeza de que a música que ela fará é boa – simplesmente porque “música boa” é algo extremamente relativo.
Robô ou ser humano? Seja você!
Poderíamos até mesmo entrar no mérito de como os produtores-robôs, mesmo que sejam extremamente inteligentes, ainda dependerão de humanos para programá-los ou darem ordens. Poderíamos também falar de como a indústria musical e a IA têm muito mais potencial para serem parceiras do que rivais.
Mas vamos resumir a história e ir direto ao ponto que nunca vai mudar, independente do quanto a tecnologia evolua: aquilo que torna você ou a sua banda únicos, aquilo que você tem de mais verdadeiro, o seu diferencial e a sua paixão, continuarão alcançando as pessoas que se identificam com o que você faz.
Pense da seguinte forma: músicas, quer sejam compostas por humanos ou robôs, são músicas. Existem milhões delas por aí, e sempre vão existir. Algumas irão agradar alguns, outras serão mais aceitas por outros. Sempre houve e sempre haverá público para todo tipo de música.
Continue acreditando na sua música!
Qual a sua opinião sobre o futuro da inteligência artificial e os desafios que ela trará para o mundo da música? Deixe seu comentário!
[hana-code-insert name=’GETMORE_Jun2017′ /]
(Imagem: clipe de “Magic Man” – Skygge)