Eis como músicos usam o Facebook Live e conseguem resultados! (Parte 1)

Por Wade Sutton

Eu vou dizer uma coisa que vai deixar muitos músicos chateados.

Eu entendo perfeitamente quando vocês reclamam que os fãs ficam no celular, filmando o show em vez de prestar atenção na apresentação.

Mas com os celulares, câmeras e redes sociais tendo ganho tanta importância na sociedade e na maneira como nos comunicamos, temos que aceitar que essa tecnologia veio para ficar. Então as opções são: parar de ficar reclamando disso…ou podemos achar um jeito de usar isso a nosso favor.

Esse foi um diálogo que tive com minha própria mente uns meses atrás, enquanto estava dirigindo até o Austintown, Ohio, para encontrar a vocalista de uma das minhas bandas-clientes, a Amanda Jones & the Family Band.

E foi durante esse trajeto de meia hora numa rodovia que eu comecei a brincar com uma idéia. Uma idéia que eu sabia que ia agradar à Amanda e sua banda.

Este post, o primeiro de duas partes, é um olhar aprofundado dessa idéia, como colocá-la em prática e as mudanças importantes que essa idéia trouxe para a minha vida. A segunda parte vai narrar o que aconteceu na noite do show, os problemas que pintaram e como a gente lidou com eles, e vai ter um vídeo da nossa transmissão por Facebook Live, assim como um vídeo feito da platéia.

Mas eu também vou falar sobre o que poderia ter sido melhor do que foi, e das coisas que eu teria feito diferente. Mesmo os shows mais planejados podem ter imprevistos ou coisas que aparecem de última hora, que forçam os músicos a improvisas. Como a lenda do boxe Mike Tyson costumava dizer…todo mundo tem um plano, até levar o primeiro soco na cara.

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AS PESSOAS ENVOLVIDAS

Seria uma boa ideia apresentar a você as pessoas envolvidas nessa história e por que isso aconteceu da maneira que aconteceu.

Para os leitores que ainda não me conhecem, eu sou Wade Sutton, da Rocket to the Stars – empresa de RP e desenvolvimento artístico para músicos. Eu trabalho com bandas do mundo inteiro (graças ao Skype) e ofereço uma gama de serviços ligados a relações públicas, como criação de biografias e press release (eu trabalhei como jornalista por anos), desenvolvimento de sites e press kits, produção de eventos e mais.

A banda envolvida nesse pequeno experimento — Amanda Jones & the Family Band (uma banda de família de verdade) — é de uma região perto de Youngstown, Ohio, que fica na metade do caminho entre Pittsburgh e Cleveland.  Eles são meus clientes faz mais ou menos um ano e recentemente a gente começou a trabalhar com os shows ao vivo deles.

A set list atual deles é formada por uma combinação saudável de músicas próprias e de covers. E, por mais que o som deles com certeza se encaixe na categoria country, as músicas originais, o estilo próprio, o carisma pessoas e a energia que eles têm no palco permitem que eles misturem estilos.

Eles também não queimam a platéia local tocando muito na região. Em vez disso, eles marcam muitos shows na região de Youngstown. Inclusive em Cleveland, Pittsburgh e até em West Virginia.

Então essa banda deu duro para ser conhecida além de sua região e, por mais que não sejam famosos, são conhecidos o suficiente para fazerem turnês locais.

Eis como músicos usam o Facebook Live e conseguem resultados! (Parte 1)PROCURANDO UMA COISINHA DIFERENTE

Voltando ao dia em que eu estava indo encontrar com Amanda e tive uma idéia.

O fato de artistas darem bronca na platéia por eles usarem telefones nos shows não me saía da cabeça, e eu me perguntava: se os fãs vão estar com o celular na mão no show, como conseguir que eles usem esses celulares de um jeito que vá ajudar a banda?

Eu sabia algumas coisinhas sobre isso. Eu queria que fosse algo que envolvesse o Facebook Live e eu queria que fosse algo muito diferente de o que as pessoas veem numa transmissão de FB Live.

Como usar o Facebook Live de um jeito diferente

Eu comecei a formular uma idéia que misturava duas apresentações muito populares que eu tinha visto nos últimos anos.

A primeira fonte de inspiração para a idéia foi um show do U2 que eu vi faz uns anos, em que a banda convidava uma pessoa da platéia para subir ao palco. A mulher que eles escolheram recebeu um celular que estava logado na conta da banda no Periscope. Durante uma música, essa fã recebeu carta branca para andar pelo palco mostrando o que ela quisesse com a sua câmera e tudo foi transmitido ao vivo por Periscope. Se eu me lembro bem, isso aconteceu antes de o Twitter começar a empurrar o Periscope para o buraco (ou na direção de competir com o Meerkat), mas antes de o FB anunciar que lançaria uma ferramenta, que agora já é popular, chamada Facebook Live.

A segunda fonte de inspiração para a idéia foi quando Bruce Springsteen tocou no show do intervalo do Super Bowl, muitos anos atrás. O fato que eu levei desse show comigo foi como Springsteen interagia bem com as câmeras, além de brincar com a platéia. Isso me deixou com a impressão que ele quebrava a quarta parede e tornava a transmissão pela TV muito mais interessante.

Então, pegando essas duas apresentações como referência, eu sabia que queria fazer algo com muito engajamento tanto para o público que fosse ao show quanto ao pessoal em casa, assistindo pelo Facebook & a gente queria criar algo que incentivasse as pessoas a compartilhar o vídeo & nós queríamos sair desse show com filmagens maravilhosas para a banda usar em seu marketing inclusive um vídeo de melhores momentos que a banda pudesse mandar para universidades em que quisessem estudar, ou casas de show em que quisessem tocar.

Por que a maioria de vídeos do Facebook Live é chata?

Há um problema inerente à vasta maioria dos vídeos de Facebook Live feitos por artistas que querem transmitir parte do seu show. Na maioria das vezes, o artista coloca o celular num tripé (ou pede para alguém segurar o celular) e a câmera fica do lado do palco. O artista então toca para a sua platéia e ignora completamente a câmera. E isso deixa o espectador em casa se sentindo uma mosquinha, presa na parede. O resultado disso é que o espectador não se sente pertencendo ao show, o contrário de engajamento que a gente busca para seduzir novos fãs.

O que a gente faria diferente no FB Live?

Quando eu cheguei para a minha reunião com a Amanda, a idéia já existia, e começamos a desenvolvê-la:

Nós íamos pegar um pedaço de três músicas de um show, tocar essas músicas com muita energia e transmiti-las ao vivo pelo Facebook Live… O cinegrafista se mexeria pelo palco, ao redor da banda. Isso significava que o homem com a câmera teria de saber tudo o que ia acontecer no palco, para saber quem filmar em que momento. E, mais importante ainda, a banda tocaria para a câmera tanto quanto estaria tocando para a platéia.

A gente ia criar uma mini produção televisiva para o FB Live.

Daí a gente decidiu adicionar mais uma camada a isso, colocando uma tela de cinema na casa de shows em que a banda estaria tocando, para as pessoas verem a filmagem ao vivo. Nós fizemos isso porque queríamos incentivar os fãs a sacarem seus celulares e compartilhar aquilo ao vivo com seus amigos no Facebook, e comentar na transmissão, para ver seus nomes aparecendo na tela…todos esses fatores fariam o Facebook classificar o vídeo como “conteúdo interessante” e colocar ele no feed de mais pessoas.

AS DECISÕES QUE TIVEMOS DE TOMAR

Ao planejar essa transmissão de três músicas, tivemos de tomar umas decisões bem importantes. As duas coisas que pintaram imediatamente foram decidir quais eram as três músicas que tocaríamos e em que show faríamos a transmissão.

Escolha as músicas certas para transmitir no Facebook Live

Quanto às três músicas que a gente tocaria, analisamos todo o repertório da banda. Como eu disse, o set inclui músicas próprias e covers. Eu sugeria a Amanda que a gente ficasse nas músicas próprias. Como muitos músicos sabem, a Universal Music Group está numa saga para tirar todos os covers de músicas dos seus artistas que são postados no Facebook. Ainda que a gente pudesse usar covers de outras gravadoras, era um risco grande demais de comprar uma briga com essas empresas. E olha que tinham muitos covers bons para usar nessa transmissão.

Eu também insisti que eles usassem músicas próprias bem animadas durante a apresentação, para que a transmissão tivesse muito movimento. Eu queria que a transmissão toda fosse animada, então qualquer música que se aproximasse de uma balada foi descartada. A gente refinou nossa lista para três músicas: Jones Family Reunion,” “Ready to Fall” e “Wine, Whiskey, and Beer.”

“Jones Family Reunion” era a música perfeita para a transmissão por várias razões. Ela não só é uma música animada, mas também reforça um dos aspectos mais interessantes dessa banda, que é: a maioria dos integrantes são uma família. Isso foi extremamente importante porque é uma das coisas que salta aos olhos dos fãs quando eles veem ou ouvem a banda pela primeira vez. Então começar a transmissão com essa música foi ótimo para apresentar às pessoas um fato diferente dessa banda, de uma maneira bem animada.

“Ready to Fall” foi uma escolha natural para a segunda música.  Era a oportunidade para tocar uma música sobre se apaixonar, mas que não é melosa nem lenta. E, ao mesmo tempo que era animada, era a única que conseguia fazer a energia descer um pouco (na primeira metade da música), com a Amanda cantando no microfone e colocando mais o foco nas letras. Fizemos isso de propósito, porque queríamos mostrar essa música, e aumentar a energia visual da transmissão depois da primeira metade, para que a platéia pudesse VER a energia crescendo conforme a música ia evoluindo. Fazer isso tornava o show mais interessante, tanto para a plateia na casa de show quanto para quem via pelo Facebook Live.

“Wine, Whiskey, and Beer” foi a última das três músicas. Essa é uma das faixas prediletas dos fãs, e recebe reações imediatas. Também era uma música boa para continuar fazendo crescer a energia visual da transmissão, depois de “Ready to Fall,” e permitindo que a gente mantivesse um fluxo natural para o show e para a transmissão no Facebook Live. Ela também permitia mostrar que, por mais que as apresentações da banda sejam familiares e aceitem crianças, a banda podia pirar um pouco. Mas pirar de um jeito que não inibiria a presença de crianças. É uma festa… mas uma festa controlada.

Então essas três músicas foram escolhidas não porque eram as melhores, ou as mais animadas ou pegajosas, mas porque tinham um jeitão que reforçava a imagem e a marca da banda.  Eu sempre achei que essa questão de marca é negligenciada por muitas bandas.

Como escolher o show certo para transmitir por Facebook Live

A próxima coisa a fazer era descobrir em que show a gente faria a transmissão por Facebook Live. A gente tinha várias opções, mas duas se destacaram: a participação da banda no WinterFest, em Cleveland, ou um show numa casa noturna chamada Bootlegger, perto de Yankee Lake, Ohio.

O WinterFest era uma grande oportunidade para eles. Era uma apresentação ligada a um evento muito maior (então eles não eram os únicos responsáveis por trazer o público) e havia expectativa que muita gente viesse. Mas havia uns pontos negativos em tentar fazer a transmissão aqui. Já que o show seria ao ar livre em um dia de novembro em Cleveland, eu previ que o vento podia micar nossos planos de colocar um telão para transmitir nosso FB Live durante o show. Uma rajada de vento e nossos planos iriam pelos ares, parando no meio do lago Erie. E a gente sabia que, por mais que se esperasse muita gente no festival, as pessoas teriam muitas outras coisas para ver, então não sabíamos exatamente quantas pessoas iam acabar na frente do nosso palco. Por fim, o WinterFest estava muito próximo do momento em que a gente começou a bolar a idéia. Não teríamos muito tempo para desenvolvê-la.

O show na Bootlegger era a outra opção mais atraente.  A banda tinha tocado lá outras duas vezes, e nas duas a casa estava cheia. O lugar é praticamente no quintal da banda, e, como eu disse antes, eles se preocupam em não saturar o mercado local, fazendo poucos shows na sua região. O show estava marcado para o fim de janeiro, o que nos deu mais tempo para se preparar. E, o mais importante de tudo, a gente descobriu que a casa de shows tinha gastado uma grana com um novo sistema de luzes e de som, que ia deixar as pessoas de cabelo em pé. A gente decidiu fazer ali, era uma oportunidade boa demais para deixar passar.

A gente escolheu o show na Bootlegger para fazer a transmissão por Facebook Live.

NA SALA DE ENSAIO

A gente reservou duas tardes de domingo para fazer a produção da transmissão, e cada sessão durou duas horas.

Ajudando a banda com isso, eu tive que focar em duas coisas: Ter certeza que a apresentação estava planejada, e bem animada, e eu tinha também de trabalhar com a camerawoman, mostrar para ela tudo o que ela precisava fazer. Lembrá-la de que era preciso saber tudo o que estava acontecendo durante a apresentação, onde do palco cada coisa estava acontecendo, onde ela precisaria estar para pegar o melhor ângulo. Amiga da banda, Alyce se ofereceu para ser a câmera, e eu pedi que ela fosse aos dois ensaios.

A gente tratou primeiro da apresentação. Felizmente, a banda tem muita experiência com o palco e uma vontade de experimentar coisas novas. Eles são ótimos em aceitar direções (o que é raro nesse meio, acredite ou não), e já chegam com um nível alto de animação e disposição. Então não foi difícil conseguir que eles subissem alguns níveis na energia. Depois a gente foi criar visuais que funcionassem para qualquer pessoa que fosse ver o show.  Isso incluía uns trechos da transmissão em que a Amanda estava de joelhos e Michael e Nathan cada um de um lado, Amanda jogando bolas de praia para o público e a Amanda cantando enquanto montava o Nate de cavalinho, e ele tocava a parte final da transmissão.

Eis como músicos usam o Facebook Live e conseguem resultados! (Parte 1)Eram cenas que ficariam ótimas, mesmo sem a parafernália de equipamentos da casa de show. Já que a gente só tinha umas horas para resolver tudo, a gente lidou com essas questões amplamente, tirando da frente qualquer problema grande que aparecesse.

Enquanto a gente ensaiava todos os movimentos que seriam feitos durante a transmissão, a gente teve de afinar os momentos quando Amanda e outros componentes da banda estariam se apresentando para a câmera, que Alyce segurava, e também para o público do Bootlegger’s. A banda não teve problema nenhum em fazer ceninhas para a câmera, o que provou que eles eram o grupo perfeito para esse experimento.

Como posicionar o cameraman

Depois que estava tudo pronto, tivemos que colocar a última camada: a presença de Alyce no palco durante o show.  Eu queria facilitar a vida dela o máximo o possível, então peguei o iPhone da Brittany (o mesmo que a gente usaria para a transmissão de Facebook Live) e pedi que a banda tocasse as três músicas, enquanto eu gravava como se estivesse fazendo uma transmissão de FB Live. Daí a gente mandava o vídeo para a Alyce poder estudar, antes da segunda sessão de duas horas. Esse vídeo serviu como uma aula para ela saber onde ficar, para onde apontar a câmera e em que focar durante a apresentação.

A segunda sessão de ensaio, de duas horas, foi usada para ensaiar as três músicas. A gente também esquematizou onde a Amanda iria ficar depois, vendendo as mercadorias da banda e indicando onde as pessoas podiam se inscrever no mailing da banda e mostrando os brindes que o grupo estava dando para quem compartilhasse seu vídeo no FB Live. Isso permitiu que a Alyce brincasse com a câmera enquanto a gente fazia as outras músicas, o que deu mais movimento ao show.

A gente terminou esse segundo ensaio com dez minutos de transmissão ao vivo do FB Live, comigo e com a banda falando (em inglês) sobre o trabalho que deu.

ACABANDO A PARTE 1

Então agora você sabe tudo sobre como levar seu show para ser transmitido pelo Facebook Live. Na Parte 2, você vai ver com detalhes tudo o que aconteceu no dia do show, problemas que pintaram, coisas que não funcionaram como deveriam e os aspectos do show que poderiam ter sido melhores. E vamos mostrar também a transmissão de Facebook Live inteira e ver um vídeo filmado da platéia. Confira a Parte 2 AQUI.

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