Criar uma “comunidade” versus criar uma “fanbase” [Este artigo foi escrito por Dave Kusek, fundador da New Artist Model, uma escola de negócios online sobre música para músicos independentes, performers, artistas com gravadoras, produtores, empresários e escritores. Ele também é o fundador da Berklee Online, co-autor do livro The Future of Music, e membro do time que trouxe o midi para o mercado.]

O conceito de “fãs” é profundamente ligado ao mercado da música. O artista cria a música e os fãs o observam de longe, mas é regra que há pouca interação próxima e pessoal entre os dois. É quase como se o artista estivesse intocável, no alto de um pedestal, durante seu processo criativo, que fica muito misterioso para os fãs. É verdade que muitos artistas alimentam essa distância e tentam criar mitos sobre si mesmos, como o DJ ZHU.

É claro, que hoje em dia muitos artistas “falam” com seus fãs na rede social, mas essas conversas geralmente se dão dentro dos papeis tradicionais de fã-artista. Quantos de nós já twitamos comisas como “confira meu novo som”, “confira meu novo vídeo” e “acabei de lançar um álbum”. Já reparou como essas frases só têm um lado? O modelo antigo de negócios fazia um marketing “de empurra” – a música era criada atrás de uma cortina e depois empurrada para os fãs consumirem — mas eu quero aproveitar essa oportunidade para propor um novo modelo de relação artista-fã.

Apesar de todas as mudanças por que vem passando o mercado fonográfico — “streaming”, YouTube, redes sociais e “crowdfunding”, para só citar alguns — a relação típica de artista com fã permaneceu praticamente a mesma que era 20 anos atrás. É hora de usarmos a tecnologia que avançou e construir comunidades no lugar de fã-clubes. Alguns artistas já estão fazendo isso pioneiramente, e encontram um enorme sucesso. Na real, alguns aboliram completamente o uso da palavra “fã”.

Neste texto, vou compartilhar alguns jeitos de você começar a criar a sua comunidade. É só mudar um pouquinho a sua lógica, mas o impacto na sua carreira pode ser enorme.

1. Comece uma convera

Construir uma comunidade de fãs começa com uma comunicação de duas vias. Isso significa falar com seus fãs, e parar de falar para seus fãs. As redes sociais são a plataforma mais óbvia, e só será preciso ajustar seus posts um pouquinho para tranformá-los num diálogo.

É mais provável que as pessoas respondam quando você faz uma pergunta direta – isso vale tanto para redes sociais quanto para a vida – então tente inserir perguntas nos seus posts. Em vez de só dizer “Indo para o estúdio para trabalhar numa nova faixa neste fim de semana. Mal posso esperar para compartilhar isso com vocês”, coloque uma pergunta. Algo como “Indo para o estúdio esse fim de semana para trabalhar numa nova faixa Mal posso esperar para compartilhar com vocês! E vocês, qual é a boa do fim de semana?” terá mais chance de receber comentários. Você não precisa colocar perguntas em todos os seus posts, mas tente colocar algumas de vez em quando.

A primeira regra da conversa é responder toda vez que um fã deixa um comentário ou uma mensagem de @citação. Toda e qualquer conversa é sua oportunidade de construir uma conexão mais profunda e um relacionamento com um fã – não perca essa oportunidade.

2. Faça eles se envolverem

Depois de começar a falar com seus fãs, o próximo passo é fazê-los se envolverem no seu processo, então abra a cortina e mostre o que está por trás da sua música, deixando que eles participem. É importante que você, artista, siga suas intuições criativas e tome por si mesmo decisões, mas deixar seus fãs se envolverem de vez em quando pode ajudar a nutrir uma comunidade. Pense nisso: é mais provável que as pessoas apoiem algo se se sentirem participando ativamente da criação dessa coisa, então envolver seus fãs é um dos melhores jeitos de fazer sua comunidade de fãs te apoiar e dar força à sua carreira.

Isso não precisa ser um grande sacrifício da sua parte –não estou dizendo que os fãs vão escrever as músicas por você. Há muitas coisinhas para as quais você pode recorrer aos fãs, tipo qual será o próximo cover que você vai fazer, que tipo de mercadorias a sua banda fará com o logo ou as músicas que tocará num próximo show. É só perguntar o que seus fãs estão pensando nas redes sociais, anote suas sugestões prediletas, e trate de agradecer ao fã que te sugeriu usando o nome dele.

Você pode usar sua criatividade aqui. Além de fazer isso só nas redes sociais, há muitas outras plataformas que incentivam a participação de fãs, tipo sites de “crowdfunding” como o Patreon e o PledgeMusic.

3. Personalize as relações

O último passo na construção de uma comunidade de fãs e construir uma relação mais personalizada com seus maiores apoiadores. A Shannon Curtis conseguiu fazer disso um método com seus shows caseitos. Os maiores apoiadores dela se oferecem para sediar shows dela em sua casa. Ela então trabalha junto com eles para organizar um show inacreditável para os convidados. Durante todo esse processo, a Shannon ficou amiga da maioria dos seus apoiadores, levando a relação de fãs e artistas a um novo patamar.

Você não precisa fazer uma turnê pelas casas de todos os fãs para desenvolver uma relação pessoal com que te apoia. Outra banda de sucesso, a Pentatonix, usa as redes sociais para se aproximar dos apoiadores. A Pentatonix tem uma página de Twitter para a banda, mas cada um de seus membros também tem perfil próprio e promove suas contas próprias ativamente no perfil da banda. A maior parte das pessoas não topa fazer isso, mas os seguidores mais dedicados vão se jogar na oportunidade de ter um olhar mais direto da vida dos artistas.

Se você quer que isso seja bem sucedido, precisa ter um tom muito diferente para cada uma das contas. Sua página pessoal tem que ser menos para divulgar seu trabalho e mais para o tipo de post que você faria para seus fãs. Você pode também montar um grupo privado de Facebook e convidar pessoalmente seus maiores apoiadores para participar.