Como escolher o seu gênero musical no Spotify

Responda rápido: qual o seu gênero musical?

Para alguns, essa pode ser uma resposta fácil de ser dada: reggae, MPB, rock, heavy metal…

No entanto, não se espante se algum dia encontrar uma das músicas de sua banda de heavy metal em alguma playlist de um gênero musical que você nunca ouviu falar, como cyber metal, unblack metal, technical death metal, neo classical metal ou groove metal.

O motivo é que a classificação de gêneros musicais está ficando cada vez mais… Criativa? Específica? Complicada?

Vamos entender o que está acontecendo e como você deve definir o gênero da sua nova música ou álbum na hora de incluí-los no Spotify!

Definindo gêneros musicais na era do streaming

Qual dos gêneros musicais abaixo você conhece?

Poucos? Nenhum? Normal. As categorias musicais do Spotify hoje já passam da casa dos 1600 gêneros. Se quiser explorá-los, dê uma olhada no site Every Noise.

Existem categorias de todos os tipos e, é claro, existem estilos musicais que ainda estamos por conhecer. Música nova está sendo criada a todo momento e os serviços de streaming têm colocado seus curadores e algoritmos a todo vapor para classificar tudo que surge.

Um artista como The Weeknd, por exemplo, pode se encaixar em categorias como R&B e pop, mas também em outras subcategorias como PBR&B, dark alternative R&B, synthpop, urban pop etc.

Por que tantos gêneros?

No final de 2015, a Recording Academy, organização de músicos responsável pelos prêmios Grammy, publicou em seu blog um texto que questionava se as colaborações entre artistas estavam tornando os gêneros obsoletos. A publicação chamava a atenção para o fato de que as indicações para a próxima premiação poderiam incluir artistas associados a um gênero musical sendo indicados em categorias de outros gêneros.

Era o caso, por exemplo, do ex-Beatle Paul McCartney, que colaborou com Kanye West e Rihanna na faixa “FourFiveSeconds”, podendo ser indicado em alguma categoria de rap.

A música acabou não sendo indicada em nenhuma categoria. Mas outra coisa curiosa que merece ser destacada é que, embora se tratasse de um veterano do rock ao lado de duas estrelas do hip hop, o estilo da música era… um folk.

Ficou confuso? Se parece complicado para você, imagine para a Recording Academy, uma associação formada por músicos super tradicionais.

Parcerias como “FourFiveSeconds” mostram a dificuldade da Recording Academy em encaixar músicas nas suas categorias.

Fora das limitadas categorias de uma premiação musical, classificar estilos musicais está mais difícil ainda, não só pela diversidade musical, mas também pela “nichificação” que é cada vez maior.

A obsessão dos serviços de streaming em selecionar músicas perfeitas para os gostos dos ouvintes está criando categorias extremamente específicas, criativas e até inusitadas de gêneros musicais.

Obviamente, não são só as parcerias entre artistas de gêneros diferentes e a super segmentação do Spotify que estão criando todos esses gêneros novos. A própria forma de se fazer música hoje em dia está muito mais livre e fluida.

A produção musical está muito mais acessível; qualquer um tem a possibilidade de fazer música em seu próprio laptop, por meio de uma estação de trabalho de áudio digital, brincando com loops e acrescentando melodias.

Essa facilidade de experimentação permite que artistas tentem coisas diferentes e criem músicas com estilos que não cabem nos gêneros convencionais.

Isso é bom ou ruim?

Se, por um lado, a existência de tantos gêneros musicais nos abre um mundo de possibilidades e músicas novas para descobrir e apreciar, por outro lado, pode ser complicado se encontrar entre tantas opções.

Além disso, acompanhar o surgimento de tantos gêneros pode se tornar literalmente impossível para um ser humano! Afinal, classificar uma música segundo esse ou aquele gênero pode ser uma tarefa bastante subjetiva; assim como, não existem regras para novas definições de gênero musical, .

Mas será que algum dia existiram gêneros fixos e imutáveis?

O jazz, por exemplo, foi por muitos anos o estilo musical predominante nos Estados Unidos, e surgiu como uma oposição à música clássica instrumental. Mas, dentro do próprio movimento musical do jazz, muitos artistas tinham estilos completamente diferentes e eram rotulados dentro do mesmo espectro do jazz. Depois, foram surgindo subcategorias, como o swing, ragtime, standard jazz, até o mais recentes acid jazz, nu jazz etc.

No Brasil, temos o gênero MPB, que significa Música Popular Brasileira. No contexto em que surgiu, o adjetivo “popular” foi usado para diferenciar o estilo do cancionário brasileiro que era mais difundido na época. Mas o que seria música popular brasileira hoje? É um gênero bastante amplo e que, se levado ao pé da letra, poderia abranger artistas de estilos diferentes, desde os que seguem a linha dos pioneiros Gil, Gal e Caetano, até artistas do funk e sertanejo.

E falando em sertanejo, ele é um exemplo de como certos gêneros crescem e mudam de tal forma que nem suas próprias classificações os representam idealmente. Simone & Simaria, por exemplo, são consideradas cantoras sertanejas, mas a maioria de suas músicas têm levadas que se aproximam muito mais do arrocha (ou bachata) do que do próprio sertanejo.

Não existe um consenso sobre a melhor maneira de classificar estilos musicais.

Então por que essa discussão é importante?

Ao incluir sua música no Spotify, por exemplo, assim como o sistema de cadastro pede que você informe o nome do artista, da música, dos compositores, ele pede também um gênero musical.

É com base nesse gênero que os algoritmos da plataforma irão incluir sua música em playlists e indicá-la para os usuários que gostam desse gênero.

Como definir meu gênero musical

De acordo com o que você conhece sobre música, qual o primeiro gênero musical que vem à sua cabeça quando você pensa na sua música? Ótimo, você tem um gênero. Se não conseguiu pensar em só um, ótimo também. É legal que você se inclua em vários gêneros, aumenta as suas chances de ser ouvido por mais pessoas.

Não quebre muito a sua cabeça pensando nisso – a não ser, é claro, que você queira, ou que isso faça parte da sua estratégia de branding. Muitos artistas novos, ao se lançarem, proclamam-se criadores de um novo estilo, ou definem a si mesmos com um nome novo de estilo musical.

Também há, claro, o caso dos criadores, como o nigeriano Fela Kuti,que criou o afrobeat nos anos 1960, usando esse nome para descrever a mistura de funk, jazz e ritmos tribais locais que fazia.

Se você está fazendo algo diferente de tudo que conhece, ou se seu estilo é alternativo demais para caber nas categorias já existentes, não há nada de errado em batizá-lo como quiser.

Por outro lado, também não há problema nenhum se você não consegue encontrar alguma categoria de nome engraçado para encaixar sua banda. Se está satisfeito com alguma categoria, beleza! Selecione essa categoria ao incluir sua música no Spotify e seja feliz!

Afinal de contas, mesmo após ter informado seu gênero musical, nada impede que os curadores do Spotify entendam que sua música também cabe em mais algum outro, ou em vários gêneros.

Vamos continuar acompanhando a evolução de tudo isso!

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