As 7 principais razões para a imprensa não ter falado sobre seu CD

Os erros mais comuns em relações-públicas, que você pode evitar da próxima vez que for entrar em contato com a imprensa

[Este post foi escrito pelo colaborador Dmitri Vietze, fundador e presidente da StoryAmp.com, e relações-públicas há 16 anos.]

Você investiu muito dinheiro e muito tempo, usou tudo o que aprendeu com ensaios e apresentações, absorveu todos os ensinamentos dos seus mestres e das suas inspirações, e usou tudo isso para produzir o melhor CD da sua carreira. Talvez você até tenha emprestado dinheiro de amigos e de amigos de amigos, ou aumentado (e muito) seu limite de cartão de crédito para remasterizar e prensas seus álbuns. Todos os seus sonhos e esperanças estavam embrulhados neste CD. Mas, mesmo que tenha dado sangue — você não foi resenhado pela imprensa ou por blogs, nem conseguiu ser tocado no rádio.

O que aconteceu?

Com cada vez mais artistas administrando sua própria carreira —pulando o esquema antigo de assinar com uma gravadora para lançar sua carreira—a cena acima está ficando cada vez mais comum. Você ouviu dizer que agora pode fazer as coisas você mesmo, gerenciar sua carreira desde a gravação até o lançamento, passando pela produção …  mas, na realidade, há pedaços desse processo (tipo publicidade, turnê e marketing) que requerem mais do que faça-você-mesmo, se você quer ser bem-sucedido. Você depende de outros tomadores de decisão, e é duro saber como influencia-los a tomar decisões que vão te ajudar.

Aqui vão as 7 principais razões porque a imprensa não falou sobre seu último álbum.

1. Você não entrou em contato com a antecedência necessária

Esta é, de longe, a maior razão pela qual músicos não conseguem que a imprensa cubra seu lançamento. A maioria dos artistas independentes produz um disco e o coloca no iTunes através de um serviço como CD Baby, e chama isso de data de lançamento. “Eu recebi meus CDs da prensa na segunda, então segunda é minha data de lançamento”, eles pensam. “Agora eu tenho que vender!” ou “eu preciso começar logo a ganhar dinheiro para reverter tudo o que eu gastei.”

Eles daí mandam e-mail para sua lista de e-mail, se tiverem uma, postam na página da banda no Facebook e no Tumblr, em seu blog e no site, e também talvez em sua página pessoal de Facebook, e eles twittam sobre isso: “Hoje é nosso lançamento! Por favor, compre ou baixe agora!”. É só depois disso tudo que eles vão pensar, “OK, como eu ganho mais fãs, fazer mais gente comprar? Já sei: a imprensa!”

Então mais alguns dias ou semanas se passam antes de o artista bolar um plano para fazer seu álbum chegar à imprensa ou a blogs. Ele pode escalar um relações públicas ou fazer alguma pesquisa para achar contatos de jornalistas locais ou e-mails genéricos de blogs para mandar suas sugestões de pauta.  Mas eles estão ferrados antes mesmo de começar. Por quê?

A imprensa geralmente quer cobrir o lançamento de um CD muito perto da data. Não dias, semanas ou meses depois de ele ter saído. Há uma razão para a imprensa responder à pergunta: o que há de novo? Eles não querem que o leitor pense que eles estão escrevendo sobre velharia.

Os pilotos têm um ditado: “A pista que ficou para trás não pode te ajudar”. Quando você está pilotando um avião, não é uma boa ideia começar a acelerar no meio da pista, na hora de decolar. Se você usar o comprimento inteiro da pista, você tem mais opções se tiver que arremeter. Dê a você mesmo bastante pista. Talvez seus primeiros alvos na imprensa não estejam interessados. Você pode usar um tempo extra para achar novos jornalistas para oferecer seu som.

Em termos gerais, é melhor começar a vender sua pauta (tentar convencer a publicarem) com mais de seis semanas de antecedência do lançamento oficial. Isso significa que você terá de planejar para quando as canções estiverem gravadas, remasterizadas e mandadas para a prensa, para marcar a data de venda com o distribuidor e começar a divulgar. O melhor jeito de marcar uma data de lançamento e começar a pensar na divulgação é ter os CDs prontos na mão antes de cravar o dia, para ter ao menos seis semanas para fazer marketing e relações públicas. Mas se você confia no seu processo de produção e tem controle dele, pode marcar essas datas com antecedência. Certifique-se de ter duas semanas para escrever sua pauta, a história que usará para tentar convencer jornalistas, editores e produtores.

Se você lançou seu álbum há seis meses e pensa em começar uma campanha de RP… não. Nem pense. Você perdeu sua chance. Guarde essa energia para sair em turnê. É capaz que você emplaque umas resenhas da sua performance ao vivo em cidades que nunca tenha tocado. Se o álbum foi gravado há seis meses, mas não tem data de lançamento no iTunes ou na Amazon, você ainda pode tratá-lo como lançamento, então se dê uma pista de oito semanas e vá nessa.

2. Sua música não dialoga com a imprensa que você contatou.

Essa é sensível. A maioria das bandas não vira tema de material porque uns poucos jornalistas gostam delas. Enquanto as barreiras para gravar um disco quase que deixaram de existir, os músicos precisam enfrentar o fato de que eles estão fazendo um som sem ninguém ter dito que é bom, e assim validado. No modelo antigo, se um disco saía é porque o selo confiava em você, e você podia acusar outros tantos fatores que impediram sua música de fazer sucesso, além da própria música. Porque pelo menos uma gravadora confiava em você. Eles validavam a música que você fazia. Ainda pior do que um jornalista não gostar do seu som é que os fãs não gostem da sua música. E mesmo que você contrate o melhor, mais bombado, mais caro relações públicas do mundo, é capaz que você não vire reportagem.

Mas mesmo que sua música não vá ser a mais tocada do ano, ou talvez nem chegue perto disso, você pode ganhar cobertura da imprensa se mandar seu material para veículos que tenham a ver com seu estilo de música, de cultura ou de nicho de mercado. Se você trabalha com um gênero eclético, pode ser um bom candidato para a rádio Nova Brasil ou para a Folha de S.Paulo, mas não para o jornal Meia Hora. Se você é um artista clássico, não espere ser o único artista clássico resenhado pela Rolling Stone. Se seu som parece ser um “crossover” com jazz, sertanejo ou ritmos latinos, tente pensar em um fã de pop antes de oferecer a pauta para um veículo de pop. Você provavelmente não é o alvo deles. Há um jeito de dizer com certeza: leia o que esse veículo publica. E saiba sempre que veículos mais alternativos são os que mais cobrem sons mais alternativos.

Se você se focar em veículos que cubram seu estilo de música, você aumenta as chances de ter seu som coberto. Sim, mire sempre nas estrelas. Mas mire nas estrelas que estão na mesma galáxia que você. E tenha um plano B para conseguir cobertura pragmática do seu álbum, se os grandes planos não derem certo.

3. A capa do seu disco era feia

Essa é simples: Se a capa do seu disco é feia ou não se encaixa no estilo que a imprensa publica, você nunca deve ter chegado nem aos ouvidos do jornalista. Se você é o tipo de pessoa que cata a primeira calça da casa antes de sair de casa de manhã, não deveria ser o designer da capa do seu disco. Contrate um profissional que conheça seu estilo ou pense na pessoa mais estilosa que conheça e convide ele para fazer. Não menospreze o poder do marketing visual na hora de conseguir a atenção das pessoas. É a primeira coisa que o critico verá.

4. Sua história é inexistente ou cheia de clichês e exageros

Jornalistas são contadores de histórias. Se não há uma boa história para contar, é muito mais difícil escrever sobre a sua música. Uma história para aumentar o número de leitores: “Aqui está outra banda da qual você nunca ouviu falar com letras surradas e riffs de guitarra comuns. A vida deles crescendo na periferia foi dura, porque seus pais não os entendiam.” Não vai rolar. Se você conseguir compilar o que é original e novo na sua música, aumenta suas chances de ter cobertura da imprensa. A música é um dos mercados de trabalho mais abarrotados. Você tem de se destacar, seja musicalmente, graficamente e também como anedota.

Há muitas técnicas que você pode usar para chegar na sua história: inspirações musicais, origem das letras, inovações técnicas, revelações pessoas, histórias de guerras das turnês, interação com fãs e mais.

5. Você não se apresenta ao vivo.

Pode parecer ilógico que, para ter seu álbum resenhado, você precise tocar ao vio. Entretanto, tocar ao vivo pode dobrar suas chances de ser tema de matérias. Na imprensa tradicional, há mais colunas ligadas a shows do que a resenhar discos. Qualquer cobertura de show vai mencionar um novo CD. Às vezes a cobertura do show vem junto com a resenha de um CD. Ou a cobertura é a resenha do álbum, com detalhes do próximo show. Veículos locais são mais propícios a escrever sobre você se você tocar na cidade deles.

Além do mais, uma das principais razões para a imprensa cobrir um artista é o bafafá que está se criando sobre ele. E um dos maiores causadores de boa impressão, que gera o bafafá, é ver esse artista tocando ao vivo. E fazer turnês por outras cidades pode aumentar ainda mais o tititi sobre você. Você pode não ter sido pauta no passado porque não fez turnê.

6. Você tem um som parecido com outra pessoa (mais famosa)

Ninguém gosta de copiões. Se você fica chateado porque outro músico que faz o mesmo som que você sempre está na mídia e você nunca, você precisa ter consciência de que esse som agora é “deles”. Você tem de fazer algo que te diferencie; e não reclamar sobre como todos são iguais.

Há um equilíbrio com cada gênero musical para mostrar que você faz parte daquele tipo de som, mas que tem características próprias dentro desse som. Quando você ouve gente dizendo “odeio sertanejo” ou “odeio rap”, essas pessoas tendem a não saber que características definem esse gênero musical e que características definem os indivíduos dentro dele.  Você precisa ser um mestre nessa arte, dentro dos gêneros que escolheu. Você tem de ser o melhor em definir seu gênero e entrar em contato com as pessoas que gostam desse som, e deve ser ainda melhor em cristalizar as contribuições que dá a essa cena musical.

Características que podem definir seu gênero ou voz individual incluem letras, melodias, arranjos, ritmos, timbres, instrumentação, competência técnica ou moda. Escolha os termos certos para expressar sua individualidade. Em outras palavras, a cobertura da imprensa só virá depois de você fazer algum sucesso local ou na cena em que toca.

7. Você não fez “follow up”.

Mandar sua música por correio ou e-mail e não fazer “follow up” (ligar para saber se a pessoa recebeu o som e tem dúvidas) diminui suas chances de ser publicado. Há tanto “barulho branco” e os membros da imprensa têm tempo limitado para ouvir a enorme variedade de CDs que chegam todos os dias. Muitos jornalistas recebem centenas de sugestões por semana. Eles são incapazes de resenhar tudo e mesmo de ouvir tudo. Quais eles vão ouvir: Os que vêm com um “follow up” atencioso depois ou aqueles que chegam num envelope e mais nada? Aqueles que soam tímidos ou grosseiros no telefone ou uma voz simpática do outro lado da linha, que liga com persistência mas sem ser chato. Uma pessoa criativa, esperta e diplomática?

Você também pode pensar em usar o StoryAmp.com para te ajudar a montar um press kit esperto e ter seu som enviado diretamente para a caixa de correio dos jornalistas.