3 músicas que ignoram as regras teóricas - e são melhores por isso

3 músicas que ignoram as regras teóricas - e são melhores por isso

Por Dave Kusek

Às vezes, ir contra as regras teóricas do senso-comum acaba sendo justamente do que uma música precisa.

A um primeiro olhar, pode parecer que a teoria musical é cheia de “regras.” Pegue qualquer livro de teoria musical e você vai encontrar descrições detalhadas de como nomear, construir e analisar escalas musicais, intervalo e harmonias, progressão de acordes, formas de composição e muitas outras coisas que podem fazer os olhos de qualquer um revirar em desespero.

Essas descrições são geralmente comunicadas de maneira a dizer que há “certo” e “errado” no jeito de escrever uma música. Só que esse tipo de pensamento não reflete o mundo real da música. A teoria é só uma maneira de dar nomes para as coisas, não uma maneira de estabelecer regras a serem seguidas. E a teoria pode ser um ponto de partida para ajudar a transformar os sons da sua cabeça em uma música no papel. Mas não é uma regra inquebrável.

A teoria musical é um exercício de aprender essas “regras” para você poder quebrá-las. Como você verá aqui, há inúmeros exemplos de músicas que vão contra as regras e o senso-comum da teoria musical e isso acaba sendo exatamente do que a música precisava.

Intervalo de paralelos perfeitos: “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry

Uma das regras mais comumente quebradas na teoria musical é desrespeitar o paralelo perfeito de intervalos.

Se você já tocou um solo poderoso, sabe o que é um intervalo perfeito. Na teoria clássica, os intervalos de paralelo perfeito devem ser evitados porque (entre outras razões) eles fazem com que as vozes independentes percam sua individualidade, criando um som que parece um bloco.

Você pode ouvir isso por si mesmo. Tente tocar uma oitava perfeita, depois uma quinta e uma quarta, e daí dê um intervalo do exato mesmo tempo. Toque de novo e coloque uma terceira depois do intervalo. Você vai notar que o intervalo perfeito vai ter um som “de descanso” ou “confortável” para os seus ouvidos. Confiar muito nisso pode deixar sua música chata, então os compositores clássicos tendem a usar intervalos divergentes, maiores, menores ou aumentados, para dar uma sensação de dinamismo à música.

Entretanto, se Chuck Berry tivesse decidido seguir essas regras, a guitarra de “Johnny B. Goode” e os clássicos do rock que existem por causa dessa música nunca teriam existido.

Hoje em dia, quase todas as músicas do rock e do pop dependem de paralelos com intervalos perfeitos.

Tocar a nota errada: “Space Oddity”, de David Bowie

Outra regra da teoria musical é que você tem de tocar a nota certa dentro de um determinado tom. Então, se você vai tocar um Mi Maior, os acordes dentro desse tom seriam Mi, Fá menos, Sol Menorm, Am, e Bdim.

Seguir essa regra é muito bom para quando você quer bolar uma sequência de acordes. Os acordes diatônicos quase sempre vão criar um bom som juntos, então você pode criar uma sequência de acordes sem esquentar muito a cabeça com isso. Mas essa regra foi quebrada por muitas músicas boas.

Todo o cancioneiro de David Bowie é um exemplo disso. Pegamos as pausas do violão de “Space Oddity” (que também é em Mi Maior). Os acordes nessa pausa são Mi e Dó. Note que não é Dó menor. Ao invés disso, o Bowie toca de propósito a nota fora da linha de acorde – e o som fica INCRÍVEL!

Só porque você está tocando a sequência “errada” de acorde, isso não significa que você tocou o acorde errado: às vezes é exatamente disso que sua música precisa.

Tocando no tom errado: “Fistful of Steel”, do Rage Against the Machine

Pra terminar, uma regra muitas vezes oculta da música é que não se deve tocar no tom errado. E os motivos são bem óbvios: tocar no tom errado pode ser horroroso (todo mundo sabe aquele arrepio que dá tocar uma nota errada). Entretanto, há jeitos gloriosos de quebrar essa regra.

Um exemplo ótimo é a introdução de uma música do Rage Against the Machine, “Fistful of Steel”. A música é toda em Sol menor. Entretanto, metade do trecho das guitarras é feito com harmonias de Si maior. Colocar Sol menor com Si maior cria uma dissonância muito grande.

E como resultado, parece que o guitarrista está tocando fora do tom metade da música. E, ainda assim, é a parte que funciona maravilhosamente! Em vez de ser um som tosco, traz a angústia que serve bem à música.

Isso serve para mostrar que tudo é música. E tudo é teoria musical.

Todas as regras têm limites de tempo e às vezes podem ser quebradas – mas quebrá-las pode ser mais eficiente se você conhecer as regras, para começo de conversa, e saber o porque delas existirem. Conheça as regras para saber quebrar as regras, certo?

Se você concorda ou não, deixe seu comentário! 🙂


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