ONe-man-band-225x300[Este post foi escrito pelo convidado Matt Blick, da The Beatles Songwriting Academy.]

Eu sou professor de guitarra por ofício. É claro que também componho música e me apresento, mas se você me encontrasse numa festa e perguntasse o que eu faço, eu diria “dou aulas de violão”.

Se eu ganhasse na Mega Sena amanhã, continuaria lecionando (mas talvez diminuiria um pouco minha carga-horária) porque eu sinto uma responsabilidade de passar adianteo que aprendi, e acho que todo músico e banda deveriam fazer o mesmo.

Ao mesmo tempo, é uma luta. Ensinar em tempo integral tende a espremer o impulso criativo original da minha alma, aquele fator que me fez querer começar a tocar violão. E estou bem ciente que não ter tempo de aprender nada novo no meu instrumento vai esturricar o que eu escrevo E TAMBÉM meu jeito de ensinar, me deixando rodando em círculos na mesma estrada.

Muitos de nós viverão firmes em um só campo. Um professor, um aluno ou um criador. Isso é ótimo. Mas para ser um membro legítimo da sociedade musical, precisamos ser um pouquinho de cada.

Você precisa ser um professor

Eu sou auto-didata. Isso significa que meu professor de música da escola me ensinou a ler e reconhecer notas, me ensinou a ouvir criticamente e tocar em produções da escola. Um veterano na minha escola me ensinou todas as músicas do Judas Priest que ele sabia, em troca de eu ter sido “roadie” da sua banda por um tempo. Meu professor de arte me apresentou a muito jazz e música de vanguarda, e minha irmã me emprestou seus discos, que iam de Gershwin a Led Zeppelin. Eu devorava livros e revistas que ensinavam a tocar.

Entendeu a moral da história? Ninguém é auto-didata. Todos nós tivemos ajuda vinda de algum lugar e todos tivemos de dar algo em troca. Nem todo mundo poderia ou deveria ter educação formal; alguns de nós não têm a paciência, a pontualidade ou a mente analítica que aulas assim exigem — ou ainda têm problemas com a polícia ou com a birita. Mas qualquer um de nós pode fazer algo para ajudar a próxima geração.

Você precisa ser um aluno

É triste, a maioria dos professores para de aprender coisas novas sobre o assunto que ensinam assim que eles terminam sua formação, assim como artistas param de aprender assim que eles terminam de gravar seu primeiro CD e saem em turnê. Portanto, o equivalente aos próximos 20 anos de ideias musicais  (ou de pedagogia musical) é sempre retirado de um manancial limitado de ideias. Aquelas que você aprendeu enquanto se formava.

Professores e palestrantes têm longas férias (alguns até conseguem um período sabático) mas muitos só usam esse tempo para se acabar e depois de recuperar. E os poucos artistas bem-sucedidos que procuram educação formal durante sua folga o fazem para corrigir falhas de técnica que geralmente já estão ameaçando sua carreira.

É simples: para continuar a crescer, você precisa continuar a aprender. 

Você precisa ser um criador

O livro Art and Fear avisa sobre o perigo de “um artista que ensina pode eventualmente se deturpar em uma coisa menor: um professor que no passado fez arte… como num processo perverso de reciclagem de um romance de ficção científica, o mesmo sistema que produz novos artistas também produz ex-artistas.” 

E diz mais, “O maior dom que você tem a oferecer a seus alunos é o exemplo de sua própria vida como artista trabalhando” (páginas 82-3).

Enquanto isso, alunos estão às vezes presos a uma lógica em que eles precisam aprender tudo antes de criar qualquer coisa, sem sem dar conta de que o melhor jeito de aprender um conceito musical é usá-lo assim que você o aprende.

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Se você está batalhando em uma ou mais dessas áreas — professor, aluno, criador —  Tenho dicas sob medida para te fazer sair do mesmo caminho batido. Confira elas, em inglês, no meu site AQUI.

Biografia do autor: Matt Blick é um cantor e compositor, além de educador musical em Nottingham, Reino Unido. Ele está escrevendo um blog sobre todo o catálogo de músicas dos Beatles desde 2009, no link Beatles Songwriting Academy. E seu EP Let’s Build An Airport está disponível no CD Baby (é claro!)